quarta-feira, 27 de maio de 2009

LIBERDADE É A ESCOLHA CONSCIENTE

Zé Rodrix, Tavito, Lis Rodrigues, Maria Valéria Bethonico , Marlene Alves e Hilda Borges
Santos - 2008

LIBERDADE É A ESCOLHA CONSCIENTE
Zé Rodrix
15/10/2008


Surge uma nova classe-media no Brasil, fruto das politicas paternalistas e populistas ora em curso: são os egressos das classes C e B menos, que pulam para o degrau de cima exatamente por ter uma esmolinha a mais em suas Bolsas. Mas continuam vivendo da mesmissima maneira que antes, porque seu pensamento nunca muda. Hoje em dia, quando a tecnologia ja nos permite o exercicio do gosto pessoal em todas as matérias, é fascinante perceber duas coisas: uma, como o gosto pessoal contrário ao nosso ainda incomoda nosso projeto de poder, e a outra é como as decisões políticas e estéticas das classes menos favorecidas acabam por infeccionar as classes mais altas. Há quem defenda a imposição de um "cânone ocidental" como forma de regular estas relações na produção de arte, numa prova de que até no território da arte existe lugar para ditaduras e tiranias. Isso é ilusão, e a cada celular vendido ela se torna mais tênue e menos capaz de manter-se viva.


O gosto pessoal nao tem a ver com nenhum cânone, a nao ser naquele território comum a todos em que se sabe e busca o Belo, e não precisa de discussão para haver acordo. A Apeyrokalia ( falta de intimidade com o Belo) de que o Aristoteles ja falava, hoje se somou à Apeyrosofia ( falta de intimidade com a Sabedoria) e à Apeyroyeró ( falta de intimidade com o Sagrado) que se tornaram nossos piores inimigos enquanto raça humana. O mundo do consumismo tornou todas as relações puramente superficiais, da pele pra fora, e a busca incessante pelo prazer se faz única e exclusivamente nos limites da sensualidade física, seja ela real ou imaginária.


Para gerar e preservar poder a tradição brasileira nos impõe limites à busca pelo conhecimento, fazendo tabula rasa de tudo que é necessário para a vidae gerando este orgulho de ser ignorante que vem se tornando a nossa marcaregistrada enquanto sociedade. Isto pode acontecer por escolha ou imposição externa: conhecer e optar pelo que quer que seja é bem diferente de só seter uma única opção, e pior ainda quando esta opção é exatamente aquela que o poder impõe através da perpetuação da ignorância. Isto se dá das maneiras mais diversas, em todas as classes sociais, por fastio e preguiça, na maior parte das vezes, mas sempre para preservar o poder através da perpetuação da ignorância.


Qualquer cânone ( ocidental ou oriental) é apenas uma das inúmeras opçõespossiveis, mas certamente é melhor conhecê-las todas e optar por não seguiruma delas ( como eu faço ) do que não conhecê-las e nunca poder optar pornenhuma delas, ficando reduzido apenas ao território limitado pela falta deintimidade. Reconhecer que a nova classe-média brasileira não tem gosto quer dizer que a nova classe- média não tem escolha, por não conhecer as possibilidades entre as quais poderia escolher aquilo que, individualmente, mais lhe agradasse: e sem sombra de dúvida eles trazem para seu novo estamento social as faltas de opcão e de intimidade (no sentido aristotélico) que já experimentavam quando no estamento inferior. Esta ascenção social se dá rigorosa e exclusivamente nos limites do consumo material, não representando nenhum avanço mental ou intelectual, porque preservam de seu estamento anterior exatamente os hábitos de desconhecimento do Belo, da Sabedoria e do Sagrado que eram a sua marca registrada enquanto classe menos favorecida.


A definição de liberdade é a capacidade de escolha consciente, através do conhecimento das opções possíveis e sempre segundo uma decisão pessoal e intransferível: não havendo esta consciência, qualquer escolha estará escravizada ao poder ou cânone impostos, reduzindo-se e desqualificando-se exatamente por estas características de imposição.


Um comentário:

Maria Valéria disse...

Oi Hilda,

Que legal essa nossa foto com o Zé nesse post! Eu ainda não havia visto, gostei muito e me emocionei ao abrir o blog num link que encontrei em uma pesquisa no Google!

Obrigada!

Que falta o Zé faz!...

Beijos,
Maria Valéria.
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