quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um desconhecido Zé

Zé Rodrix & Calazans
camarada zé edu escreve sobre um zé rodrix que ningúem falou



.txt convidou o camarada José Eduardo Camargo, jornalista e ativista de um grupo chamado Clube Caiubi de Compositores, que formou uma rede social muito antes disso virar moda. Pude testemunhar pessoalmente um pouquinho dos encontros desse grupo e lá soubre que Zé Rodrix estava totalmente envolvido.
Logo, ninguém melhor do que José Eduardo Camargo, o Zé Edu, para contar que Zé Rodrix morreu tão na ativa quanto sempre.
Sendo Zé Edu um ídolo meu, é uma honra publicar a .txtdermia a seguir:

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Um desconhecido Zé


O Zé Rodrix que morreu na tevê e nos jornais não é o que conheci. Nas reportagens, a vida acabou mais cedo pra ele. Alguns o mataram em 1972, logo após a gravação de Casa no Campo pela Elis Regina. Outros o mantiveram vivo até a época do Joelho de Porco. Aqui e ali, uma pílula sobre a carreira-solo dos anos 70, ou um pitaco sobre o trabalho na Voz do Brasil. Poucos o viram respirando na volta do trio Sá, Rodrix e Guarabyra, no Rock’n’Rio de 2001. Disso em diante, silêncio. Como se nos últimos anos ele houvesse vivido recluso entre livros, discos e só.
Mas, meninos e meninas, tem mais. O Zé de quem me tornei amigo fez tudo isso aí do parágrafo de cima, sim. Só que o epílogo – esquecido por quase todos – foi um dos capítulos mais bonitos da sua biografia. Ele começa no fim do século 20, com o Zé arrasado, numa fossa abissal, após a morte de Tico Terpins, seu sócio na agência Voz do Brasil. Desencantado da vida, da música e da propaganda, não necessariamente nessa ordem. O primeiro túnel nesse fim de luz foi a literatura. Em 1999, Zé lançou o romance Diário de Um Construtor do Templo. O surgimento da maçonaria era o pano de fundo, mas resumir o livro a isso seria limitá-lo demais. E limitar também o escritor, que nos últimos dez anos publicou mais dois volumes, completando a chamada Trilogia do Templo (os outros dois: Zorobabel e Esquin de Floyrac). A volta à música (e à vida) se deu no retorno do trio. Com os camaradas Sá e Guarabyra, irmãos de fé. Disco e DVD lançados, caíram na estrada, percorrendo o Brasil.
A composição de jingles também voltou, assim como a energia para dedicar-se à maçonaria. Nesse meio tempo, Zé tornou-se ainda um polemista famoso, principalmente na internet, defendendo teses na contramão do establishment da classe artística. Como o repúdio ao jabá e ao financiamento público de discos e livros.
Além de retornar ao palco com o trio, Zé Rodrix retomou a carreira de compositor. Isso eu pude acompanhar de perto. Generoso, angariou parceiros musicais na internet (em listas de discussão como a M-Música) e resgatou antigas parcerias. Entre elas, a de Tavito, autor com ele de Casa no Campo e velho camarada dos tempos de Som Imaginário. Dessa safra saíram pérolas como Onde os Anjos Não Ousam Pisar (parceria com Etel Frota), gravada por Nasi. E canções que ainda virão à luz, em discos de outros artistas. A generosidade dele também estendeu-se à obra alheia. Em 2003, Zé conheceu o Clube Caiubi de Compositores – um grupo de absolutos desconhecidos que se reunia em um boteco das Perdizes. Com conselhos aqui, parcerias ali e incentivos acolá, ele ajudou a levar para a frente um projeto que hoje reúne quase quatro mil artistas independentes (clubecaiubi.ning.com) no Brasil e no exterior.
Como todo gênio (e eu não tenho medo de usar o adjetivo), Zé Rodrix era um permanente work in progress. Não descansava. Escrevia o fim de seu quarto romance (que ele chamava de O Cozinheiro do Rei) e preparava o lançamento de mais um disco de músicas inéditas do trio Sá, Rodrix & Guarabyra – que deve sair em breve. Havia montado um show solo com uma big band de jazz, que teve apenas três apresentações, no ano passado. E produzia a própria filha, Bárbara Rodrix, também (excelente) compositora. Nada disso saiu nos jornais, nem passou na tevê. Mas, quem não viu, ouvirá.
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http:///www.mtv.com.br
Foto: Guarabyra

quarta-feira, 27 de maio de 2009

CARTA ao MEU PAI

Zé & Edyr

Escrita pela Joy ( 2ª filha de Zé Rodrix), filha de Edyr Duqui ( ex-de Castro), mãe de uma das netas amadas do Zé, essa carta circulava entre amigos e parentes no velório, em um papel adornado com um desenho que representava o jovem Zé! Antecedia a mensagem um mantra.

"E agora, José?
MEU QUERIDO PAI, QUE A DIVINA MÃE TE RECEBA E AMPARE EM SEUS BENEVOLENTES BRAÇOS.
QUE SUA ALMA QUE AQUI MUITO APRENDEU, SE EXPANDA EM DEUS.
O SEU GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO LHE CONVOCOU.
AGORA, LONGE DESSA CELA DE CARNE, OSSO E SANGUE, QUE VOCÊ POSSA, NA VELOCIDADE DO SEU PENSAMENTO ENCONTRAR A LUZ.
VAI, E DESVENDA O MISTÉRIO. O PORTÃO ESTA ABERTO.
NÓS QUE AQUI FICAMOS, SEMPRE TE AMAREMOS.
VAI, E DESVENDE E APREENDA OUTRAS ESFERAS.
SEJA AMOR, MEU QUERIDO PAI.
AGORA VOCÊ SABE MAIS AINDA.
MEU ETERNO AMOR, RESPEITO E GRATIDÃO, PELA VIDA QUE CONTRIBUIU EM ME DAR, E PELA OPORTUNIDADE DE SER SUA FILHA.
AGORA, IRMÃ DE ALMA.
ATE UMA PROXIMA.
JOY"

ZÉ RODRIX ME DEU UM LIVRO E DEPOIS MORREU


Zé Rodrix por Klaudia Alvarez



Publicado por Luiz Berto em UM TEXTO DE HUGO STUDART (Luiz Berto toca o blog 'Besta Fubana' e Hugo Studart é jornalista)





Esclareça-se de antemão que o personagem não morreu porque me deu um livro. Há um intervalo de um ano entre o acontecimento extraordinário (o envio do livro) e o fato lamentável (a morte do autor). Escrevo essas singelas linhas, sem reboliços ou rebuscados, só para registrar que a vida, grata e generosa, sempre nos apresenta oportunidades de crescimento. E que por razões diversas, ou sabe-se lá por quais vacilos, deixamos a chance passar. Rodrix foi uma dessas oportunidades por mim perdidas.



Ele deu vários indícios carinhosos de que gostaria de se aproximar de mim. Agora não dá mais, azar o meu. Puxou assunto em cinco ou seis encontros que mantivemos. Convidou-me para almoçar com nossas mulheres e alguns amigos. Insistiu para que eu fosse no lançamento do seu livro, em 2008. Foi em São Paulo; eu estava em Brasilia, não pude ir. Ou não cavei uma maneira de ir. Tempo, diz o velho ditado, é questão de prioridade.



Ato contínuo, Rodrix me enviou o livro pelo Correio. Em verdade três livros, batizados de “ Trilogia do Tempo ” (Record), e assinados no estilo dos mestres clássicos das artes da cabala e das bruxarias — *Z. Rodrix*, dessa forma aí, ladeado de asteriscos, com o nome José escrito no duplo diminutivo, e o sobrenome Rodrigues no diminutivo simples.



O primeiro volume chama-se “Johaben: Diário de um Construtor do Templo”. Tem 446 páginas. O segundo ele batizou de “Zorobabel: Reconstruindo o Templo”. Tem 640 páginas, é ainda maior. O terceiro volume da trilogia chama-se “Esquin de Floyrac – O Fim do Templo”. Mais 655 páginas. Total: 1.740 páginas – um susto! Guardei na estante, num lugar de honra e destaque, é verdade, mas sem abri-lo sequer.



Em cada detalhe, a trilogia exala esoterismo e dá indícios de que o autor pertenceria a alguma escola iniciática. Vi na televisão que seu corpo foi velado na Grande Loja Maçônica de São Paulo. E que quanto mais velho ficava, quanto mais o tempo passava, mais entusiasmado estava com os mistérios da maçonaria.



Conheci Zé Rodrix em meados de 2006, logo após o lançamento do meu próprio livro, “A Lei da Selva” (Geração). Foi o historiador Luis Mir, um grande e leal amigo, que nos apresentou. “Vou te levar numa confraria só de intelectuais e escritores”, propôs Mir.



Todas as manhãs de sábado, faça chuva ou faça sol, uma pequena fraternidade se encontra na pérgula da Livraria da Vila, no bairro de Vila Madalena, São Paulo. Não são muitos, um pouco mais de dez, por vezes um pouco menos. Daquela primeira vez que já estava lá o jornalista e poeta José Neumanne Pinto, velho amigo. Foi ele quem me apresentou aos escritores presentes, entre eles um senhor de cabeça completamente branca. “Este aqui é o Zé Rodrix”.



Quem? Aquele doidão que embalou as festinhas da minha adolescência com as performances do Joelho de Porco? Ainda antes, nas primeiras festinhas, eu adorava dançar sob o ritmo de “Soy latinoamericano, e nunca me engano, e nunca me engano”. Sim, em segundos pude constatar que não se tratava de um homônimo, mas do próprio, daquele que, mais tarde, ajudou a embalar parte de meus sonhos idílicos juvenis na universidade.



“ Eu quero uma casinha no campo/ onde eu possa compor muitos rocks rurais/ e tenha somente a certeza/ dos amigos do peito e nada mais ”. Nossa, eu ainda sabia cantar a balada clássica “Casa no Campo”. E fui recordando da letra, cantarolando em silêncio uma estrofe da qual gosto muito, “ Eu quero a esperança de óculos/ E um filho de cuca legal/ Eu quero plantar e colher com a mão/ A pimenta e o sal ”



Sentei-me em cadeira transversal à de Zé Rodrix. Neumanne era a grande estrela da mesa. Contava histórias, bastidores da política, causos sobre intelectuais pátrios, ocupava por completo o ambiente. Até Luis Mir, dono de um pensamento ácido e de uma personalidade igualmente dominante, ficou em semi-silêncio. Calouro, procurei me manter discreto, observando cada um dos presentes. Em especial Zé Rodrix.



Confesso que esperava encontrar um vovô doidivanas e performático, tipo Zé Celso Martinez Corrêa, Cacá Diegues ou Paulo César Pereio. A qualquer momento, imaginei, aquele guru dos delírios lisérgicos poderia sacar um baseado social, subir na mesa e declamar algum manifesto pela revolução cultural.



Mas Zé Rodrix permanecia discretíssimo. Comedido na cerveja, guardava o silêncio das línguas cansadas. Vez por outra fazia alguma intervenção. Aparentava ser um homem sábio e sereno. A seu lado, uma mulher muito bonita, exótica e inteligente. Estavam juntos, descobri mais tarde, há mais de duas décadas, tipo casal estável com filhos e netos.



Ao longo quase dois anos, retornei algumas vezes à Confraria da Vila. Quase sempre com o Mir; duas vezes sozinho. Fui sempre muito bem recebido. A conversa, paradoxalmente simples e inteligente, um blend singular de erudição com trivialidades, sem qualquer resquício de pedantismo uspiano. Certa vez chega esbaforido e amassado o poeta vanguardista Mário Chamie, lider da dissidência ao movimento concretista, 140 obras traduzidas para 57 idiomas - enfim, um dos grandes.



“Estou ubinubilado”, declara aos presentes. Mas o que seria ubinubilado?, perguntei. “Ora”, explicou o mestre-poeta, “enevoado, com os pensamentos turvos”. Ele acabada de bater o caro e estava, como Aristófanes definiu o filósofo Sócrates, nas nuvens – só que em nuvens negras, ubinubilado.



De outra feita alguém questiona como é que os cabelos de Neumanne, outrora 100% grisalhos, de repente começaram a ficar negros. “O Silvio Santos mandou o Jaça cuidar da minha imagem”, explica. “Ele decidiu que eu precisava fazer luzes ao contrário”. Paraibano de Uiraúna, vivenciando sua primeira experiência metrossexual, virou-se para as mulheres a fim de perguntar: “Como se chama essa técnica de colocar aquela touca ridícula na cabeça e tingir alguns fios brancos?”
“Trevas”, respondeu de pronto Zé Rodrix, num sutil maniqueísmo, ora em desuso. E nada mais falou.
Já na segunda incursão tive a sorte louca de me sentar ao lado de Rodrix. Foi ele quem ensaiou uma conversa paralela comigo. Educado, demonstrava interesse por meu livro. E por mim. Perguntava mais do que respondia. Em outra ocasião, conversamos sobre os templários medievais. Demonstrava profundo conhecimento; engatilhou a franco-maçonaria na sequência.
Rebati com os rituais e mistérios dos Eleusis na Grécia clássica, uma paixão pessoal. Falamos de “Juliano”, romance histórico de Gore Vidal sobre o último imperador pagão, de Sêneca e dos rituais romanos da morte, até voltamos para os templários. E mais uma vez Rodrix quis falar da maçonaria, tema deveras estranho àquele ex-maluco-beleza. Deu seu cartão pessoal. “Me liga quando vier a São Paulo”, propôs. Não liguei –mais por timidez do que por falta de tempo.
Em nosso último encontro, fevereiro de 2008, Rodrix tomou a iniciativa de convidar os poucos confrades presentes a esticar para o almoço. Eu estava com minha mulher, Adriana. Ele com Júlia, aquela senhora esguia, inteligente e excêntrica. Ele indicou um restaurante japonês nas Perdizes. Sentamo-nos perto um do outro. Adriana e Júlia também. Mesa grande, farta, conversa inteligente, ao mesmo tempo erudita e trivial.



Rodrix não aparentava guardar qualquer resquício daquele homem que o tornou famoso, um dos gurus pátrios da contra-cultura, aquele que propôs primeiro o Som Imaginário, depois trocar a sociedade capitalista de consumo por uma casinha no campo, do tamanho ideal, de pau a pique e sapê, onde pudesse plantar seus amigos, seus discos e livros e nada mais. Morava no coração de Sampa, deslocava-se num carro novo e bonito e aparentava, pelas roupas e hábitos, usufruir de grande conforto financeiro. Trabalhava há 20 anos com publicidade, fazia jingles. Lia, lia muito sobre templários, maçonaria e outras ordens iniciáticas. Tinha 60 anos.



Foi naquele restaurante que Rodrix convidou-me para o lançamento da “Trilogia doTemplo”. Poderia ter ido. Poderia ter aceitado o convite para visitá-lo quando em São Paulo. Poderia ter usufruido da amizade desse homem interessante. Poderia ter feito tantas coisas que não fiz… Como não fiz, Zé Rodrix me enviou um livro. Semanas atrás esteve em Brasilia, num show com Sá & Guarabira, que antes de ser uma dupla, era um trio formado por Rodrix. Mais uma vez, não fui.



Leio na internet que neste exato instante, meio dia de sábado 23 de maio, enquanto termino de escrever estas linhas, Rodrix está sendo cremado. Tinha 61 anos, deixou seis filhos, dois netos e muitos amigos.



Numa de suas mais conhecidas poesias, Jorge Luis Borges lamenta-se:
”Se eu pudesse novamente viver a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.
Se eu pudesse novamente viver minha vida, teria cometido menos erros. Me resta agora ler a “Trilogia do Tempo”.

LIBERDADE É A ESCOLHA CONSCIENTE

Zé Rodrix, Tavito, Lis Rodrigues, Maria Valéria Bethonico , Marlene Alves e Hilda Borges
Santos - 2008

LIBERDADE É A ESCOLHA CONSCIENTE
Zé Rodrix
15/10/2008


Surge uma nova classe-media no Brasil, fruto das politicas paternalistas e populistas ora em curso: são os egressos das classes C e B menos, que pulam para o degrau de cima exatamente por ter uma esmolinha a mais em suas Bolsas. Mas continuam vivendo da mesmissima maneira que antes, porque seu pensamento nunca muda. Hoje em dia, quando a tecnologia ja nos permite o exercicio do gosto pessoal em todas as matérias, é fascinante perceber duas coisas: uma, como o gosto pessoal contrário ao nosso ainda incomoda nosso projeto de poder, e a outra é como as decisões políticas e estéticas das classes menos favorecidas acabam por infeccionar as classes mais altas. Há quem defenda a imposição de um "cânone ocidental" como forma de regular estas relações na produção de arte, numa prova de que até no território da arte existe lugar para ditaduras e tiranias. Isso é ilusão, e a cada celular vendido ela se torna mais tênue e menos capaz de manter-se viva.


O gosto pessoal nao tem a ver com nenhum cânone, a nao ser naquele território comum a todos em que se sabe e busca o Belo, e não precisa de discussão para haver acordo. A Apeyrokalia ( falta de intimidade com o Belo) de que o Aristoteles ja falava, hoje se somou à Apeyrosofia ( falta de intimidade com a Sabedoria) e à Apeyroyeró ( falta de intimidade com o Sagrado) que se tornaram nossos piores inimigos enquanto raça humana. O mundo do consumismo tornou todas as relações puramente superficiais, da pele pra fora, e a busca incessante pelo prazer se faz única e exclusivamente nos limites da sensualidade física, seja ela real ou imaginária.


Para gerar e preservar poder a tradição brasileira nos impõe limites à busca pelo conhecimento, fazendo tabula rasa de tudo que é necessário para a vidae gerando este orgulho de ser ignorante que vem se tornando a nossa marcaregistrada enquanto sociedade. Isto pode acontecer por escolha ou imposição externa: conhecer e optar pelo que quer que seja é bem diferente de só seter uma única opção, e pior ainda quando esta opção é exatamente aquela que o poder impõe através da perpetuação da ignorância. Isto se dá das maneiras mais diversas, em todas as classes sociais, por fastio e preguiça, na maior parte das vezes, mas sempre para preservar o poder através da perpetuação da ignorância.


Qualquer cânone ( ocidental ou oriental) é apenas uma das inúmeras opçõespossiveis, mas certamente é melhor conhecê-las todas e optar por não seguiruma delas ( como eu faço ) do que não conhecê-las e nunca poder optar pornenhuma delas, ficando reduzido apenas ao território limitado pela falta deintimidade. Reconhecer que a nova classe-média brasileira não tem gosto quer dizer que a nova classe- média não tem escolha, por não conhecer as possibilidades entre as quais poderia escolher aquilo que, individualmente, mais lhe agradasse: e sem sombra de dúvida eles trazem para seu novo estamento social as faltas de opcão e de intimidade (no sentido aristotélico) que já experimentavam quando no estamento inferior. Esta ascenção social se dá rigorosa e exclusivamente nos limites do consumo material, não representando nenhum avanço mental ou intelectual, porque preservam de seu estamento anterior exatamente os hábitos de desconhecimento do Belo, da Sabedoria e do Sagrado que eram a sua marca registrada enquanto classe menos favorecida.


A definição de liberdade é a capacidade de escolha consciente, através do conhecimento das opções possíveis e sempre segundo uma decisão pessoal e intransferível: não havendo esta consciência, qualquer escolha estará escravizada ao poder ou cânone impostos, reduzindo-se e desqualificando-se exatamente por estas características de imposição.


terça-feira, 26 de maio de 2009

Zé Rodrix por Erico San Juan




Conheci o trabalho do músico ouvindo "Ilha da Higiene", que ele fez para o especial infantil Plunct-Plact-Zuum, da TV Globo, nos anos 80.


Como muita gente, também ouvi essa maravilha chamada "Casa no Campo".


Depois, meu irmão comprou o CD do grupo Joelho de Porco, Saqueando a Cidade, e o solo I Acto. Trabalhos e concepções diferentes, o humor e a poesia em momentos distintos. As duas vertentes se uniram em "Quando será".


Já no novo século, com a febre das listas de discussão na internet, tive contato com a língua ferina e sensata do artista. Cheguei a visitá-lo em sua casa, ele sempre trabalhando freneticamente, sempre gentilíssimo.

No final do ano passado, seu parceiro Guarabyra me convidou para criar a capa do CD de Sá, Rodrix e Guarabyra ainda inédito.


Meses depois, ouvi na Rádio USP FM uma série de programas especiais, conduzidos pelo jornalista Toninho Spessotto, sobre vida e obra do compositor. O homenageado tocou sucessos e canções inéditas. "Onde os anjos não ousam pisar", parceria recente com Etel Frota que ele tocou no programa, me arrepia até hoje.


Cruzei com Zé a última vez neste blog. Ele mandou um e-mail comentando o artigo sobre a Banda Calypso.E foi só. O que pra mim já é muito.



(O desenho acima é uma caricatura de Sá, Rodrix e Guarabyra, feita por mim pouco depois do retorno do trio. Guarabyra adotou este desenho como ilustração para sua seção de crônicas em um site na internet)


Show Rock Rural na TV Brasil


O programa Cena Musical, da TV Brasil, vai passar show do trio gravado no Centro Cultural Banco do Brasil no início de maio nesta quarta dia 27 de maio, às 20 horas. O show foi parte de uma série sobre o Rock Rural que aconteceu no CCBB.


A TV Brasil é canal 2 no Rio de Janeiro (TV aberta) e 18 na NET

segunda-feira, 25 de maio de 2009

VIXE, COMO TEM ZÉ (RODRIX) NA MÚSICA BRASILEIRA (p/ Ayrton Mugnani)



O título desta pequena homenagem ao grande Zé Rodrix parece-me adequado, lembrando que ele, embora carioca, era filho de um músico baiano. Zé era músico completo, incapaz de receber um rótulo só: roqueiro, MPBzeiro, jingleiro, arranjador, maestro, escritor...


Começaremos pelo começo: um maxixe de sua autoria (ainda assinando "José Rodriguez") como integrante do grupo Momento4uatro, gravação de 1967.

Momento4uatro - Glória
http://sharebee.com/e4a667f0


Não, esta mensagem não inclui "Casa No Campo". Mas inclui outro grande sucesso de Zé, "Hoje Ainda É Dia De Rock", consagrado na interpretação de Sá, Rodrix & Guarabyra - mas lançado um ano antes quase em segredo pelo grupo Os Famks (sim, o futuro Roupa Nova).

Os Famks - Hoje Ainda É Dia De Rock
http://sharebee.com/28282696


A versatilidade de Zé não tinha limites, nem a de Sá e Guarabyra. Além de fazer sucesso com a ironicamente nostálgica "Zepelim", o trio compôs sob o mesmo tema a marcha "Cordão Do Zepelim", lançada por Nara Leão em 1972.

Nara Leão - Cordão Do Zepelim
http://sharebee.com/2a940ebd


Zé se revelou um dos maiores "hitmakers" de sua geração - e até de todas as outras. Quem lembrou de sua composição "Gerações", para uma telenovela dos anos 1970, deve ter se lembrado também de seus muitos temas novelísticos de sucesso - e náo só da Globo, como atesta "João Corisco", que SR&G compuseram e interpretaram para a novela Jerônimo, O Herói Do Sertão da TV Tupi em 1972 (a trilha tem mais gravações e composições de SR&G que se tornaram raras e merecem ser reeditadas condignamente quando nossas grandes gravadoras mduarem, ou seja, melhorarem, mas isso já é outra novela).

Sá, Rodrix & Guarabyra - João Corisco
http://sharebee.com/17b01ada


Falamos sobre composições que seguem o mesmo tema. Pois bem, agora vou falar um pouco em "bloguês". Ontem estive no altamente recomendável sebo Big Papa (na Galeria Nova Barão, fone 11 3237-0176), comandado por Carlos e Kátia, talvez o casal mais simpático do mundo do disco desde Zé & Júlia da Nuvem Nove. Um dos assuntos de ontem foi o passamento de Zé Rodrix, e Carlos, que residiu em Cuba, contou-me da surpresa ao chegar ao Brasil e ouvir um dos grandes sucessos de Zé, "Quando Será". "Essa música fez sucesso lá em Cuba com Willie Colon!", Carlos comentou. Chegando em casa, dei uma googlada e descobri: Carlos se referia a "El Dia De Mi Suerte", composição de Colon em parceria com Hector Lavoe e lançada por Colon em 1973. Náo foi propriamente um plágio; Zé e Colon desenvolveram a mesma idéia em clima de "latinidad", mas com melodias diferentes.

Confira:Willie Colon - El Dia De Mi Suerte
http://sharebee.com/e8d04cb4


E ninguém pense que Zé ficou preso aos anos 1970. Ele seguiu ativo e criativo; inclusive, no terceiro milênio, tornou-se curador do Clube Caiubi de Compositores, formando com alguns integrantes o grupo Os Tropeçalistas (que gravaram um CD) e compondo com um dos diretores do Clube, o emérito Sonekka, uma das melhores composições de ambos: "Nunca Senti Tanto Medo De Ser Feliz", da qual aqui vai um vídeo ao vivo, cantado por Sonekka e Bárbara Rodrix, filha de Zé.

Sonekka e Bárbara Rodrix - Nunca Senti Tanto Medo De Ser Feliz
http://videolog.uol.com.br/video.php?id=400497


http://www.ayrtonmugnainijr.blogspot.com/

MISSA DE 7° Dia por Zé Rodrix ( Rio de Janeiro)

Os amigos do Zé Rodrix, companheiros de turma e de escola e o CAp(Colégio de Aplicação) farão realizar uma missa de sétimo dia na quinta-feira, dia 28 de maio às 19:00hs na Igreja de São José, na Lagoa. o convite será extendido a amigos em geral, incluindo músicos, atores, diretores e personalidades que desejem comparecer e prestar a sua homenagem.
Haverá uma mesa de som, e o microfone estará aberto a manifestações, inclusive musicais, se for o caso.

Uma última palavra sobre meu primo Zé Rodrix

22 de maio de 2009, 16:02:36 -

"Enquanto o mundo perde a forma, Eu me encontro em mimE é assim que eu sempre vou seguir... meu coração!!!" (Zé Rodrix, em anúncio para a Chevrolet)

Eu era criança. Começo dos anos 70. No rádio cantavam "Uma casa no campo: onde eu possa guardar meus amigos, meus discos, meus livros... e nada mais". Menino urbano, filho único com poucos amigos, nunca esqueço: eu sempre pensava o quanto eram felizardos os amigos do autor daquela canção. Esqueci disso, aprendi a tocar e compor, peguei meu piano elétrico e meu violão, meu baixo e meu bandolim, e fui para a estrada. Aos 17, já tocava na Belo Horizonte 14Bisada dos anos 80, pós Tavitos e Clubes da Esquina. Minha vida seguiu. Voltarei às lembranças de menino, depois, ao longo desse relato.
"Eu tinha apenas 17 anos No dia em que saí de casa(E não fazem mais de 4 semanas que estou na estrada" )

PRIMO ZÉ TRINDADE

Não eramos primos de fato. Na verdade o Zé Rodrix (José Rodrigues Trindade) sempre chamou a mim (Lázaro Luiz Trindade Freire) de primo - desde o primeiro dia em que fomos apresentados, por sermos ambos de sobrenome Trindade (um sobrenome especial para ele, maçon), por nossas afinidades, por sermos tecladistas, multi-instrumentistas, escritores, espiritualistas, e pelos interesses de pesquisa, muitos, em comum.
Esta "primandade" rendeu frutos. Já a algum tempo, pelo menos uma vez por ano, ministravamos algum curso gratuito sobre esses temas, para platéias de 250 pessoas (casa cheia) no IPPB (http://www.ippb.org.br). Felizmente, gravei algumas dessas nossas palestas em vídeo; mas não os de Jesus Histórico, tema que nos uniu. Recentemente ele levara um CD de meu projeto musical-ocultista Naviterra, que nas letras fala dos elementos ocultistas e conscienciais que nos uniram, e combinavamos lançar. Bem feito para mim, outra vez. Eu e muitos discípulos, fizemos pouco, dependemos demais.


Meu "primo" era, como eu, interessados na psique humana. Não era psi, mas me contava sempre, orgulhoso, da sua filha que era, e discutíamos o enfoque clínico e o poder da palavra, a partir daí. Zé também era irônico, sarcástico, às vezes cruelmente desconstrutor; mas sem deixar de ser doce, humano e acessível, sempre que exigido assim. As listas em que as "coincidências" nos colocavam também falavam da afinidade: M-Música, Sintetizadores, Jesus Histórico, Ocultismo, Filosofia - e, mais recentemente, nosso amor comum por Donald Winnicott, Viktor Frankl e o sentido de existir. Não ouso me comparar em nada, mas é inegável que tinhamos coincidências demais, e se ele me via assim, e confio tanto em seu talento e juizo, devo aceitar a responsabilidade de ter algo de bom para repassar, também; pelo menos na falta dele. Afinal, era o próprio primo que me ensinou que "os deuses das coincidências prestam muita atenção a quem presta atenção neles".

Fomos descobrindo mais afinidades, e tenho orgulho em dizer que falar dos interesses dele é também falar de mim. Eramos também palestrantes interessados em temas ligados a Jesus Histórico, Simbologia, Ocultismo, Magia Mental, Sonhos e Tarot. Como não deu tempo dele me convidar para ser seu "irmão", e sobrinhos são os demolay, a afinidade enorme só podia fazer de mim um primo. Sempre nos tratamos e beijamos, mutua e fraternalmente, assim. Primo Lázaro, Primo Zé.


FOCO É PARA MEDÍOCRES

Num dia que MUDOU minha vida, após um desses cursos que ministramos sobre Jesus Histórico no IPPB, comiamos naquela barulhenta e deliciosa Esfiha Imigrantes: eu, Zé Rodrix, Olavo Borges, Adriana Splendore (da Rádio Mundial, que também trabalhou com o Zé e Cláudia Raia). Naquele dia, casa lotada, eu estava preocupado com o que seria o meu "foco" dentre tantas atividades distintas. O primo Zé, um generalista genial por definição, e que em muitos aspectos sempre foi um "pai" e exemplo para mim, fez um breve porém cirúrgico discurso a favor do generalismo inteligente que contrabalance e lance voz crítica a uma sociedade de especialistas medíocres. E me disse algo que JAMAIS esqueci, quase um pedido, um legado, que no dia soou para mim quase como uma daquelas frases que pais entregam para seus filhos no leito de morte:
"Primo, nunca se esqueça, esse discurso de 'foco' (numa atividade só) é para os medíocres. Nunca, nunca, nunca, mas nunca mesmo, permita que a mediocridade dos demais lhe roube NENHUM de seus talentos"
Poucos sabem, mas saí muito mexido daquela noite. Estava disposto a largar meus estudos de Jung, Psicanálise e Filosofia (hoje minha profissão), dedicar menos tempo à música, relegar a consciência crítica e estudos espiritualistas a um papel mais secundário e religioso, em favor de focar primeiro minha carreira de DBA e Eng de Software, constituir melhor algumas coisas materiais. E o Zé também me lembrou que, com a experiência, são os generalistas - como nós - que tinhamos a missão iniciática de proteger a vela da lucidez acesa em meio ao vendaval na escuridão. E que o dinheiro sempre seria apenas a consequência - inevitável, aliás - de qualquer trabalho bem planejado e bem realizado que NÃO o tivesse como motivação"


FUI LATINO AMERICANO, E VI QUE ERA ENGANO

Zé era (é) um cara engraçado. Preocupado com a mediocridade descompromissada do brasileiro, certa vez resolveu satirizá-la. Infelizmente, ele se esqueceu de pedir ao @Cardoso aquele cartaz de #SarcasmModeON. Zé achou que seria queimado na fogueira ao ironizar a falta de comprometimento das pessoas, numa época (30 anos atrás) bem menos tolerante do que os já intolerantes tempos atuais. Tomou um grande susto. Em vez das pessoas ficarem ofendidas, infelizmente os brasileiros estavam TÃO imbuidos daquele espírito que ele critivava, que a música virou um... um... SUCESSO! Já demos risada dessa história, e de um povo ("povinho de merda", segundo ele, abaixo) que se orgulha (?) quando se identifica com o "laissez-faire, laissez passer" de:
"Chego sempre atrasado Mas eu não corro perigoQuem devia dar o exemplo Chega atrasado comigoE (ainda) diz:Soy latino americanoE nunca me engano, e NUNCA me engano..."
Posteriormente, desiludido com a situação da América Latina, e com essa falta de consciência crônica, durante algum tempo o Zé deixou de cantar essa letra. Em shows trocava por "Fui latino americano, e vi que era engano, e vi que era engano". Mas depois, após o tempo necessário para que a sabedoria que a idade traga cores de realidade aos nossos ideais, voltou a cantar e dançar a letra original. Se temos que conviver com um esqueleto em nosso armário, é melhor que o ensinemos logo a dançar.

Suas gracinhas e críticas ao senso comum continuaram até o último momento. No caso, uma crítica a esses tempos narcisistas, e suas personagens que tornam-se ridículas ao avançarem na idade tentando negar, esteticamente, a sabedoria trazida pelo envelhecer:

Boa noite, "Cinderela"A sua cintura não é mais aquelaEu acho que você exagerou na mortadelaDevolve o silicone que eu te dei:Ele tá aí dentro que eu sei!Os sapatos de cristalEmbrulhados num jornalRememoram uns passadosCom muito menos assadosE o vestido da festaTão embolorado, atestaQue depois de tantos anosPrecisaria mais panos
As curvas dos teus quadrisQue um dia eu tanto quisDepois de tanta cervejaHoje ninguém mais desejaTentar a lipoaspiraçãoHoje não é mais soluçãoAté seus lábios carnudosFicaram reconchunchudos
Boa noite, "Cinderela"Devolve o silicone que eu te dei:Ele tá aí dentro que eu sei! :-)


UMA DOR CHAMADA ELIS

A morte de sua amiga Elis Regina, naquelas condições, foi um golpe que o "primo" jamais superou. Drogas, sentido, sucesso, dramas pessoais... O que estavam todos fazendo com suas vidas? Como usamos o tempo que nos resta no intuito de darmos um SENTIDO ao nosso existir?
Um dos maiores gênios compositores do país, alguém que teria marcado muito mais a MPB, naquele momento, simplesmente parou precocemente com os palcos, com todo e qualquer show seu, carreira solo, e tudo o que estivesse ligado a esse mundo de aparências. Não que tenha aposentado sua genialidade, ao contrário. Criou, dirigiu, escreveu, compôs, conscientizou, criticou... Não há quem não conheça seu studio no meio musical paulistano. Mas a carreira musical que levaria seu nome, não mais.
O que fazemos com o resto de nossas vidas, quando alguém com quem contavamos por muito tempo nos deixa precocemente? Elis não mais gravaria o Zé, é claro. Mas ele produziu sentido como nunca, a partir daí. Nunca mais houve um dia em que não acendesse nenhuma vela no coração de alguém.
Conversando no velório, entendemos que passamos pelo mesmo dilema. Ele não mais nos produzirá em um amanhã. Encerra-se aqui o projeto que eu e ele vinhamos esboçando - há tempo demais - de um livro comum sobre Jesus Histórico. Zé nos deixa essa pergunta incômoda - inúmeros talentos que descobriu, em várias áreas, de um certo modo acomodaram sob suas asas, deixando para o amanhã. Tenho a forte impressão de que ele, em algum lugar, está rindo e esfregando as mãos, iniciaticamente, ao ler comigo essas linhas. É a nossa vez de somarmos os fragmentos de talentos que ele depositou ou viu em cada um de nós, para vermos se, todos somados, podemos chegar pelo menos perto do que ele fazia sozinho, deixando sua luz brilhar por aqui um pouco mais.


"SPREMO" MUSICAL


Após o choque da morte da Elis, foram 20 anos de dor e amputação, traumática, consciente, até que seus irmãos Sá e Guarabira o convencessem a retomar o trio com maior sucesso de vendas em todas as lojas maçônicas do Brasil (rs). Já seu trabalho solo, ensaiou retornos, nunca com reconhecimento à altura de seu talento. Eu e o Dudu Burton (aqui da Voadores) tivemos a honra de estarmos presentes no pocket show jazzístico em que o Zé enfim anunciou seu retorno, nos porôes do Supremo Musical, da Oscar Freire. O local era tão pequeno, apertado e restrito que o Zé, sacana, ironizou dizendo que deveriam chamá-lo de "(e)Spremo" Musical. Não me lembro de já ter ouvido, na vida, um show tão bom. Jazz tocado com escovinha na bateria, baixo acústico e piano de calda. Jazz de alta qualidade, altíssima, tendo como ponto de partida as harmonias e letras como Mestre Jonas, Blues Riviera, Casa no Campo e demais. Com a catarse dos 20 anos de gozo acumulado, liberado entre amigos fiéis e queridos, em apenas 2 apresentaçõespouco mais que 25 pessoas por dia, desfilando 30 anos de carreira, de Som Imaginário a Sá, Rodrix e Guarabira, passando por Elis. Se alguém daqui esteve entre os 50 presentes, por favor me diga se estou exagerando ao incluir aquela entre uma das maiores genialidades que já vi a MPB produzir. E se alguém gravou, pelo amor de GADU, me mande uma cópia.

"Viver e ter sucesso é simples. Basta todos os dias você acender uma pequenina vela na câmera escura de seu coração. Ao encerrar sua vida inevitavelmente terá uma sala brilhante, iluminando a si e aos demais"
(Zé Rodrix, em curso de Magia Mental ministrado comigo no IPPB)


DVD 60 ANOS

No ano passado, eu e a @CamillaAvella atendemos ao chamado do primo Zé e descemos para Santos. Ele gostaria de gravar um DVD de comemoração dos seus 60 anos. Dessa vez, preferiu um formato Big Band, um jazz mais anos 30, com saxofonistas levantando e dançando. No camarim, abraçado a mim e à Camilla, ele comentava, feliz, suado, após pular muito, se vimos o pique que ele tinha aos 60 anos. (Camilla acaba de me ligar nesse momento, para me dar a notícia, que o Frank já havia me passado por torpedo beeem no comecinho da manhã). JAMAIS, JAMAIS, JAMAIS conseguiriamos imaginar que aquele que pulava e celebrava sua juventude nos deixaria menos de 1 ano depois. O show não foi para DVD, infelizmente, o Zé não gostou do material, perdemos o registro, talvez. Mas há fotos do show, bem como de um pocket show níver em que ele e Tavito fecharam um bar na 13 de Maio, em minha página principal do Orkut (Láz Freire). No fim de semana, pegarei alguns vídeos particulares meus do DVD jamais gravado e os colocarei no YouTube, como homenagem de despedida.

Quero contar um último caso em que o Zé foi parte marcante de minha vida, e indiretamente responsável (outra vez) por minhas decisões - e até relacionamento - atuais.


DIA DOS PAIS, 2006

Era um dia dos pais. Eu estava bem triste. Havia comentado com o Zé. Na época, fazia muito por uma família a quem eu amava, e faltava reciprocidade. Dois filhos, criados como meus, numa família repleta de adoções, onde os laços de afeto reais deveriam falar mais que os de sangue, indefiníveis. Mas além de esquecerem a "data", naquela manhã recebi uma série de agressões, injustas, simbólicas, de quem eu estava prestes a casar. Não vem ao caso os detalhes, exponho o mínimo apenas para contextualizar.
O fato é que o primo Zé, naquela tarde, faria um show com o trio (Sá, Rodrix & Guarabira) no SESC Itaquera (onde raios fica Itaquera?). Havia me convidado, eu não podia ir. Minha companheira - a mesma da injustiça - trabalharia no domingo, e eu precisaria fazer algumas coisas para ela, e ainda estar em horário récorde em seu trabalho, para a pegar. Mas com as injustiças da manhã, permiti focar em mim, ir ao show e rever amigos. Quem me conhece sabe que, naquela época, não era algo fácil ou simples para mim, naquela ocasião.
Após passar por Caruaru, Oiapoque, Bósnia e Zanzibar, finalmente cheguei em Itaquera, com o show já começado. Eu via sempre o Zé, mas nem me lembrava mais da última vez que tinha ouvisto (sic) o Sá & Guarabira. As canções me lembraram dos tempos em que eu aprendia a tocar violão, e que o conceito de liberdade era bem mais simples.
"Liberdade é uma calça velha, azul e desbotadaQue você pode usar do jeito que quiser..." (ZRx, dando o tom dos 70, para a USTop)
Catarse, eu sei. Mas cantei e berrei como nos anos 70. Um contraste estranho, eu acabara de deixar minha ex em meios pretensamente fashion de São Paulo, e me vestia como tal. E lá estava eu, de pé, no meio do público médio de Itaquera (sem preconceitos, mas a diferença de estilo e cores era evidente), recuperando em canções o pouco de dignidade que me restava.
O curioso no episódio é que cheguei tarde, e me postei ali perto do palco, na multidão. Perto de mim, na outra ponta, vi depois, estava o Tavito, da Rua Ramalhete, coautor de "Casa No Campo", outro que estava lá em BH nos anos 80, época em que eu vivia na, de e para a música. Também de pé, também em catarse. Show terminando, e acontece algo mágico, ali entre aquelas árvores todas, que transformou NOVAMENTE meu DIA e minha vida. O trio começará a tocar a última canção, acordes belos e conhecidos, o Zé vai para o microfone, e oferece o poutpourri que seguirá, em particular, a seus *amigos* Lázaro e Tavito, ali perto do palco. E o trio começa a tocar, como de hábito, Casa no Campo, Caçador de Mim e Espanhola. (Tavito é coautor de Casa no Campo)
Olhei as árvores em volta, quase uma casa no campo. Olhei as pessoas cantando em coro. O autor daquela música de minha infância não sabia, talvez tenha sido apenas cortês com os rostos conhecidos solitários que precisaram passar uma data de família ali. Mas ele acabara de me lembrar que eu era um amigo da casa do campo, e se isso é possível ao ex garoto de subúrbio de BH, isso significava que meus sonhos podiam e deviam ser realizados, por mais distantes que um dia pareçam. O que me me fez relembrar, naquela tarde, do que o mesmo Zé havia me dito anos antes no Esfiha Imigrantes, sobre nada nem ninguém roubar meus talentos, especialmente por comparação com sua própria mediocridade. E não é que eu, dentro da baleia, estava permitindo isso justamente pelo coração?
"Não há nada que a gente não possa fazer, quando temos amigosEu tenho amigos. Poucos. Escolhidos. Importante escolher bem os amigos.Para vivê-los plenamente como a gente gosta"(Zé Rodrix, com Tavito, na introdução de "Casa No Campo")
Não há como descrever aqui o estado alterado de consciência, quase um satori, ágape, samadhi (risos) que adentrei durante AQUELA execução em particular de Casa No Campo, entre o verde do parque, sol de fim de tarde deixando tudo mais dourado ainda, as pessoas cantando em coro comigo e Tavito e, de algum modo, sentindo-se tão amigas também. EU PODIA. A criança de BH um dia pensou "gostaria de ser como um dos queridos amigos do do autor desta música", e receber este abraço musical entre uma paisagem verde e sorrisos, mais de 30 anos depois, me pareceu o próprio universo ou G.A.D.U. me relembrando, como o Zé sempre falava, que eu DEVERIA assumir a DIREÇÃO de minha vida e CONSTRUIR o futuro que eu deveria ter.
"Primo, não se esqueça: Os deuses das coincidências prestam muita atenção em quem presta atenção neles" (Zé Rodrix)
Em vez de retornar a ex, já saí dali de Itaquera direto para a casa de minha supervisora clínica junguiana, a @LiegeCampos, e comecei a trabalhar com ela as questões de dignidade e SEPARAÇÂO (poucos meses depois) que me levaram ao momento atual. ATUEI, e por isso, estou aqui. E o papel que eu começava a desempenhar, Zé Rodrix também já havia descrito bem:
Dentro da baleia mora mestre Jonasdesde que completou a maioridadea baleia é sua casa, sua cidadedentro dela guarda suas gravatas, seus ternos de linho
Dentro da baleia a vida é tão mais fácilnada incomoda o silêncio e a paz de Jonasquando o tempo é mal, a tempestade fica de foraa baleia é mais segura que um grande navio
e ele diz que se chama Jonase ele diz que é um santo homeme ele diz que mora dentro da baleia por vontade própriae ele diz que está comprometidoe ele diz que assinou papelque vai mantê-lo preso na baleia até o fim da vidaaté o fim da vida, até subir pro céu!
(Zé Rodrix, Mestre Jonas)
Entendi a lição daquela tarde, primo, e mais uma vez, você mudou minha vida. Saí da baleia, e assumi o PODER de minha vontade. Em poucos meses, tomei outros rumos, e o fim (fim?) dessa história conto melhor no meu relato "NAS ONDAS DE IEMANJÁ" (http://www.voadores.com.br/lazaro)
Mas o importante mesmo, para mim, foi sua metáfora depois do show:
"Primo, o mundo é um grande cinema Multiplex, com INFINITAS salas, cadeiras confortáveis, outras nem tanto. A maioria fica estática assistindo filmes péssimos, comendo pipoca, dramalhões, casamentos, documentários sobre escritórios, só porque a cadeira é confortável. Não mudam de sala! Outros viciam em um estilo de filme e o repetem, em situações bem desconfáveis. O que se esquecem é que TODOS, TODOS, a qualquer momento, podemos nos levantar, mudar de cadeira e assistirmos - ou mesmo dirigirmos - coisa bem melhor." (Zé Rodrix, sobre escolhas, cocriação e multiverso)


LEI ROUANET

Outro dia, no Twitter, sem dar crédito, lancei algumas das críticas do primo à Lei Rouanet. Perdi seguidores, especialmente entre os amigos músicos. Preferi não dizer o autor, Zé Rodrix, porque os mesmos que vão a Brasília acusar - com razão - políticos - de corrupção e uso de passagens não raro são os mesmos que sacam o dinheiro do contribuinte para seus shows e filmes se tornarem uma espécie de estatal.
"Lei Rouanet é hipocrisia. "Não acredito que o dinheiro de TODOS deva servir para patrocinar a aventura pessoal de ALGUNS, e, quando isto se configura, eu saio fora. Investimento deve ser feito com dinheiro real que não prejudique o essencial do país. Impostos devem ter fim específico, e os sustento da arte não é, a mer ver, uma destas essencialidades. Sempre fui um artista que não se privilegiou de nenhum tipo de ligação com estados e governos, em nome de minha própria LIBERDADE. Assim sendo, há que haver em mim algum respeito pelas coisas em que eu acredito. Se entrar nisto, estarei negando tudo que é a minha maneira de ser, pensar e agir. No Brasil de hoje, precisamos de investidores conscientes, e não, segundo minha maneira de ver a realidade, de utilizar de maneira equivocada o dinheiro público."
Fazer discurso é fácil, mas Zé foi o único que recusou / devolveu o dinheiro estatal (meu dinheiro, seu dinheiro), abandonando a produção milionária (às nossas custas) do espetáculo Rei Lagarto.http://brunogarschagen.com/2007/08/29/impressionante-musico-diz-xo-satanas-para-projeto-com-dinheiro-publico/


O PRIMO QUE NÃO CHEGOU A SER IRMÃO

Eu e o Zé tinhamos um certo amor de irmão - ou melhor, de primo - e um respeito mútuo desde que nos conhecemos. Alguém tão eclético, genial e rabugento quanto ele, bem mais experiente do que eu, dando toques precisos, e também convivendo diarimente por anos nos grupos http://groups.yahoo.com/group/hecate e meses no meu http://groups.yahoo.com/group/synth-br, foi, não tenho a menor dúvida, um presente do Grande Arquiteto do Universo para mim.
Pegando meu carro (deixado na UNIFai) para ir ao velório na Grande Loja da Liberdade, um ex-colega da Filosofia me encontrou na rua, e, não sei como, já sabia que eu era primo do Zé. Me deu os pêsames, e cumprimentou-me com os sinais de reconhecimento entre maçons. Disse para ele que eu não era, ele se surpreendeu. Já estou acostumado: minha forma particular de viver a ética e fraternidade já me pregou essa peça várias vezes nos 44 anos, sempre há irmão que, ao ver alguns de meus atos ou palavras, me confundem. Fiquei sem saber responder porque ainda eu não seria, e me lembrei que quem poderia dizer isso era justamente o elo faltante na corrente, que eu iria visitar naquele momento. Sinais. Respondi apenas que "não é o meu caminho", mas notei que isso só fazia sentido a 14 anos atrás, onde eu buscava mais o racional, hoje já satisfeito em sua gula, do que a interiorização, o simbólico e o ritual.
Tinhamos também, eu e o Zé, um projeto/esboço de livro de pesquisa histórica sobre o mito Paulo de Tarso ("alguém um dia tem que falar a verdade sobre esse sujeitinho", dizia Zé para mim). mas este terei que escrever só. O que não é cômodo, pois a popularidade do Zé era meu consolo diante das polêmicas que o livro certamente provocará. Mas o primo deixou sua contribuição nesse tema ao traduzir AS CHAVES DE HIRAM, e é hora de eu receber o bastão e fazer a minha parte, já que - o Zé me fez ver - nossos planos mútuos de deixar o planeta aos 86 anos de idade (eu) ou 90 (ele) podem sofrer bruscas interrupções.


CASA NO CAMPUS

30 anos depois, descobri que a casa no campo do primo era bastante urbana. Ficava logo ali atrás da Dr. Arnaldo e Av. Sumaré, pertinho da MTV, no lado oposto da PUC. Rua tranquila no meio do caos urbano, mas não fazia diferença: tudo o que Zé compartilhou conosco, da Casa no Campo e Mestre Jonas ao Boa Noite Cinderela, dos sintetizadores vanguardistas a la Yes no disco do Secos & Molhados (seu nome foi omitido do disco pela "egotrip de João Ricardo", expressão do Zé) à volta do Trio, passando pelo Joelho de Porco - e, principalmente, das lições de vida, fazia com que aquele cenário descrito pela canção com o parceiro Tavito nos alcançasse em qualquer cidade. Quantos que jamais o conheceram não mudaram suas vidas, embalados pela música, apenas para tentar ter um canto tranquilo e simples, com qualidade de vida, entre amigos e um filho de cuca legal?


LIVROS QUE NOS ESCREVEM

Lembro, por fim, da @CamillaAvella (foto) dizendo pro Zé, há alguns meses atrás, no Esfiha Imigrantes, após mais um curso nosso: "Zé, fala para o Lázaro escrever um livro" (Sobre os temas do curso). E o Zé, sempre sábio: "Mas Cammy, o primo já está escrevendo seu livro há tempos, em cada dia que viveu, em cada aula como essa que deu. Eu também escrevi meus livros assim, vivendo, durante 60 anos. Um dia apenas as idéias e personagens me possuiriam, e tive que colocá-los no papel. Essa é a parte menor de todo o processo. Um bom escritor se faz muito antes de pensar em pegar no papel".
Espero que tenha razão, Zé. Tenho tentado "escrever" meu livro, bem. Vou recolher as lições dessa sua passagem, as setas do caminho de volta que deixou por aqui, e traçar com carinho meus passos para os anos que vem a seguir.


PREMONIÇÕES, SINAIS


7:00 da manhã, acordo, a porta do guarda-roupas está aberta. Dentro, vejo um crânio, na parte superior de meus livros de filosofia. Tento ajustar o olhar, e ele se torna uma cabeça dourada de Nefertiti. E em seguida, a caveira morta - que também é uma cabeça dourada viva - é fechada pela porta de madeira do guardaroupa, como se fosse um caixão. Comento a visão, acordo de vez. As 8:00, o Frank me dá a notícia. Só mais tarde, depois da primeira versão desse texto já escrita e distribuída, é que a @CamillaAvella me relembrou da visão profética da Nefertiti e caveira pela manhã.Anteontem, quarta, rearrumando meus livros, peguei a Trilogia do Templo, do Zé Rodrix. Estive em todos os lançamentos e leituras ao vivo, mas não a li toda. Peguei e, profético, lembrei: TENHO QUE LER.Anteontem, quarta, conversando na antesala da clínica em que atendo, relembrei com um paciente de outro psicanalista boa parte dessas histórias que contei, sobre o Zé. Eu pressentia.Ontem, não sabemos porquê, a @CamillaAvella estava com a câmera filmadora na mão, olhando e editando, após meses e meses sem tocar, as várias fitas de meu último curso de Tarot, Cabala e Sonhos com o @ZeRRodrix. Naquele mesmo instante da noite, o primo estava prestes a passar pela Grande Iniciação.Há uma semana, tive um sonho de morte, de se dissolver no todo. Conversei com algumas pessoas. Camilla, preocupada com possíveis riscos à minha saúde ou vida (ela conhece meus sonhos, quando avisam de algo, sabia porque deveria temer), perguntou se não poderia ser morte de algo simbólico e psíquico meu, uma transição. Repondi na quarta, enfático, que NÃO. Atendo 30 pacientes por semana, lido com simbolismo, transformação e Jung, e infelizmente, lembrei quase ríspido a ela, aquele era um sonho de MORTE. Camilla chorou bastante, na segunda, quarta e quinta, por esse sonho. Por isso choramos menos no velório. Isso tudo me deixou bastante tranquilo, pois algo que tenha tantos sinais, só pode ser uma passagem muito bem planejado, conduzido e inevitável. Uma conquista, talvez.Ontem, indo para a clínica, e lembrando de um paciente que agora está retomando antigas amizades, me lembrei que faz tempo que não vejo o Zé (não realizei meu curso de Maio no IPPB, onde ele CERTAMENTE estaria presente, como em todo ano), e que não posso deixar as curvas do passado perderem amizades preciosas como as do Zé Rodrix e as do Fábio "Bi" Ramos, guitarrista de minha antiga banda. Decidi ONTEM, quinta, ligar para o Zé e para o Bi. Porque sempre decidimos que "vamos ligar amanhã" nessas horas, e não "agora"? Era o convite do Self para que eu me despedisse... e eu não o escutei. Menos de 12 horas depois do aviso, era tarde demais para ligar via celular.


AMANHÃ PODE SER TARDE DEMAIS. LITERAMENTE.


De todas essas premonições, ficou a lição de que um dia pode ser tarde demais quando se trata de reencontrar as pessoas que amamos, que nos amam ou mesmo que nos amaram, seja lá o que for que tenha nos afatado por meses e anos. Conversando com o Cronos (Marcelo Brasil) em volta do caixão, riamos de um amigo que não quis vir ao enterro, porque recentemente teve um desentendimento com o Zè em algum email de internet. Mas, oras, se você o admirava, de algum modo, era essa a chance de encará-lo, ainda que simbolicamente, resgatar a boa lembrança, e enviar as mágoas, perecíveis, para a cremação.
Amanhã, aprendi a duras penas nessa quinta e sexta, pode ser - literalmente - tarde demais. Vou enfim ligar para o Bi, pedir perdão mútuo, e re-valorizar os amigos-irmãos, enquanto estão aqui. :'-)
Aprendi (quase) tudo que trago de ecletismo eficiente com meu primo Zé Rodrix, exemplos e sacadas. Felizmente, nem tudo, já que uma vez, brincando como sempre, ele disse lá na Synth-BR que "nesses 30 anos de estrada, conheci algumas mulheres tão estranhas que algumas até tinham p.." :-)
(Opa. Ecletismo, pra mim tem limites, sem esse seu jingle "de mulher pra mulher"!)Procurarei guardar com muito carinho suas lições, e sempre que aplicável, eternizá-lo reproduzindo aquilo que minha competência permitir lembrar.
Parafraseando o que diz seu jingle pra Caixa:"Vai pra Akash você também" ;-)http://pt.wikipedia.org/wiki/Registros_Ak%C3%A1shicos

Siga em paz, Zé. Você FEZ a diferença por aqui.Obrigado por tudo, de coração.
Missão cumprida, se não comprida.
E dê um abraço em G.A.D.U.

Resumo a saudade e a lágrima (feliz) que escorre agora na lembrança de uma frase que você sempre, sempre, sempre nos dizia:
"Quando o discípulo está pronto, o mestre DESaparece" (Zé Rodrix)
Voe em paz.

Enquanto o mundo de Maya perde a forma
Zé se reencontra, em si
E é assim que, doravante
Ele sempre há de seguir!

(som de batidas do coração, a vida pulsa além do "fim" do último acorde)


Lázaro FreireTecladista, Psicanalista Transpessoal, Filósofo, Escritor, Voador, Engenheiro de Software, Herege, Cri-Crítico, ..., ..., etc, ..., e amigo-primo-fã do Mestre Zé.

http://twitter.com/lazarofreire

http://www.voadores.com.br/lazaro

--Lázaro Freire
lazarofreire@voadores.com.br

domingo, 24 de maio de 2009

Zé Rodrix em Porto Alegre

Compositor foi colaborador de Zero Hora

Zé Rodrix morou em Porto Alegre – tocando, ensinando música e inclusive escrevendo para Zero Hora. Foi em 1969, quando ele e um grupo de amigos formaram o Grupo Revolucionário de Arte Livre (Gral) e também a banda de rock Primeira Manifestação da Peste. Em entrevistas, Rodrix disse que, na época, veio “ser hippie no Rio Grande do Sul”. O músico Mutuca, que fez amizade com a turma, lembra:
– Ele e a turma dele trabalharam no Rio até final dos anos 1960. Com a repressão, muita gente foi para a Europa. Eles vieram para cá.
Rodrix, com a Primeira Manifestação da Peste, participou do 2º Festival Universitário da MPB, realizado na Faculdade de Arquitetura da UFRGS em julho de 1969, defendendo a canção Copacabana me Engana. Na final, Rodrix tocou teclados com a banda de Mutuca, o Succo, da qual viria a se tornar integrante em seguida.
– Eu tive que sair da banda logo depois, e ele acabou entrando. Eles fizeram um espetáculo multimídia no Teatro Leopoldina, tinha música, texto e projeções, bem no espírito da época – conta Mutuca.
Rodrix também lecionou música no Educandário Cecília Meireles, na Cidade Baixa, e colaborou como jornalista de Zero Hora, escrevendo crônicas para a edição dominical do jornal, no caderno que viria a dar origem ao Segundo Caderno.
Zero Hora nº 15978 - Dia 23 de maio

sábado, 23 de maio de 2009

Real Imaginário ( por Toninho Spessotto)


REAL IMAGINÁRIO


Num oceano de desilusão
Onde por qualquer coisa se mata um irmão
Numa carreira cheia de tropeços
Onde pra vencer paga-se o mais alto dos preços

Num mundo triste onde grandes amigos
Se vão sem aviso, sem rota, sem chão
Eu me convenço de que trago comigo
Um vazio enorme dentro do coração

Se a canção não tem mais alternativa
A não ser trazer à tona um triste dia sem sol
Se o verso teima em tornar cativa
A voz do amor como se apagasse um farol

Eu sigo aqui vivendo de lembranças
Trazendo no peito o rasgo da saudade
Sinto falta do meu lado criança
Em que tudo era regado a felicidade

O que foi feito da nossa juventude?
Pra onde foi a vontade de crescer?
Onde jogaram nossa inquietude
E a rebeldia que nos fazia viver?

Não sei a resposta, talvez esteja no vento
Que insiste em soprar lembranças do bom tempo
Mas sei que me resta o peso da ausência
E a falta que faz o despertar da consciência.

Amigos são a família que escolhemos
Já dizia o sábio mestre dos segredos da canção
Ele se foi somente roupa e casca
Ficou a impressionante marca do coração

De qualquer forma meu irmão de batalha
Ficamos nós à volta dessa fogueira
Vertendo a lágrima que pinga da calha
O som da falta que é tão verdadeira

Trilhando a estrada vamos nos reerguendo
Colhendo os frutos que a vida plantou
Somando os números e sobrevivendo
Tentando achar o que ainda restou

Tenha certeza meu amigo querido
Tua partida até trouxe sofrimento
Mas em nome de tanto amor vivido
Nós compreendemos a grandeza do momento

Reergueremos a irmandade algum dia
Reformaremos o estatuto da morte
Ela jamais nos tirará a alegria
Se tornará um elemento de sorte

Muito Obrigado pelos versos precisos
Muito Obrigado pelo acorde envolvente
Muito Obrigado pelos sonhos concisos
Muito Obrigado por viver com a gente

Só não esqueça que ficamos mais pobres
Só não nos deixe assim sem esperança
E nos ajude a voltar a ser nobres
Esteja sempre na nossa lembrança

Vamos seguindo pela estrada de flores
Tentando achar a explicação da verdade
Conseguiremos rever todas as cores
Reconstruir a voz da felicidade

Toninho Spessotto
23/5/2009, 15 horas e 13 minutos

Para o Zé ( de João Bani)


Amigos queridos de M-Música , Caiuby, Cardiem e adjacências


Ando meio sumido, muito pelos caminhos impostos pela vida, muito por decisão minha (...).O valor de amigos a gente reaprende quando vê um como o Zé iniciar uma viagem para um lugar onde aquele espírito inquieto, criativo,solidário e amigo vai continuar plantando consciências, reflexões,alegria, arte, caráter. Quando percebo o tanto tempo que fiquei sem conviver com a sua sabedoria, com sua amizade, com sua arte e com vocês. A ultima vez que nos falamos foi no início do ano, onde ele dizia que estaria aqui no Rio em Março, lançando a trilogia. Não tive mais notícias do lançamento, e quando soube que o Trio tocaria no CCBB eu estava viajando.Zé e aquela cortesia e amizade verdadeiras, relevando a acidez das nossas discussões pacientemente, culminando em trocas de receitas..kkkkkkkk. .. Quem o lia ferino e impiedosamente sarcástico nas trocas de mensagens e bem o conhecia , sabia que era a voz irônica de uma alma que gargalhava, dando pequeneza às coisas enquanto guardava para cada um de nós o verdadeiro tesouro que era seu coração.Eu tenho muita gratidão, Zé , pelo carinho principalmente com minha família. Com Vania e os meninos. Com meu pai, que hoje aos 93 anos,ainda pergunta por você. Eu não tenho nem coragem de dar a notícia da sua despedida porque vou desabar no telefone e meu Velho pode ficar sentido. Num dos seus livros, meu pai fala que "Quase me casei em Rio de Contas" com uma Trindade, acho que Filomena, não lembro bem.Descobrimos que era Tia do Zé. Rimos muito sobre a possibilidade de que hoje poderiamos ser primos se o Professor Sá Teles não zarpasse sertão afora, deixando Rio de Contas...Lembro das comidas no Play da Tânia, de uma vez que ele e Tavito cantaram coisas do Som Imaginário, num registro que ficou pra mim como uma das coisas mais bonitas que já ouvi de perto na música. As vezes em que "Teve Grajaú", o show do Sonekka e ZéEdu, o Caiuby ainda em Perdizes...Mas o que mais agradeço, Zé, é seu estímulo a tantos de nós pela nossa liberdade de criação. A força que você sempre me deu para compor, para moldar meu próprio caminho, independente de acompanhar artistas. Antes tarde do que nunca, Zé, eu tenho tentado, obrigado, Bardo.(...)

bjos e abraços,

João Bani e Vania

Meu último abraço ao Zé Rodrix ( Marcelo Tas)


Fiquei tocado com a notícia da morte prematura de Zé Rodrix. Na semana passada, estive com ele em Palmas, na Feira do Livro, que acontecia na capital do Tocantins. Foi no instante logo a seguir da foto que você pode ver no post abaixo. Nos encontramos no camarim. Fui recebido com o carinho e alegria de sempre por ele, que estava ao lado dos seus eternos parceiros Sá & Guarabira. Na sequência, o trio faria um show de encerramento do evento, naquele mesmo palco. Demos boas risadas, nos abraçamos e nos desejamos boa sorte para seguir o caminho.

Envio aqui o meu afeto e pêsames aos amigos e família do querido José Rodrigues Trindade.

Rodrix, além de músico, multiinstrumentista e compositor, foi autor de inúmeras trilhas sonoras da publidade e televisão brasileiras. Entre elas, a do Professor Tibúrcio, do Rá-Tim-Bum. Tive a alegria de trabalhar com ele na criação da "sala de aula virtual" que, após o "Olá Classe", respondia "Olá Professor Tibúrcio".

Que a alma criativa e generosa de Zé Rodrix descanse em paz e continue nos inspirando sempre.


“Zé da Roda com os carneiros solenes do céu”


A primeira vez que vi Zé Rodrix na minha vida foi em 1967 na Rua Rui Barbosa, no centro de Campina Grande, Paraíba, se bem que ainda não pessoalmente, mas, sim, na tela em preto e branco do televisor de casa, pela qual acompanhava com fanatismo os festivais de Música Popular Brasileira. Então, ele fazia parte do Momento 4uatro, que acompanhou Edu Lobo e Marília Medalha em Ponteio, a canção de Edu e José Carlos Capinam que venceu o III Festival de MPB, da Record.
Depois, no começo dos anos 70, quando me mudei para sua cidade natal, o Rio de Janeiro do Flamengo e da Mangueira, aprendi, cantando com ele, que “a palavra já morreu”, refrão de um sucesso do Som Imaginário. O conjunto (como se chamavam as bandas à época) acompanhava Gal Costa num show em São Paulo quando, enfim, nos conhecemos pessoalmente.
Fiel a seu espírito de revolucionário folgazão, no meio do espetáculo improvisava um inesperado solo de máquina de escrever. Um leitor, que não havia gostado nada daquilo nem muito menos de meu elogio ao desempenho dos artistas, impresso na Folha Ilustrada, da Folha de S. Paulo, me telefonou para dizer que o espetáculo era tão ruim que um dos acompanhantes da cantora baiana deixava de tocar para escrever uma carta.
Como o Brasil inteiro, aplaudi Elis Regina cantando Casa no campo, composição dele e de seu maior amigo, o mineiro Tavito, e batia palmas ao compasso da salsa no refrão de Soy latino-americano. Mas só nos apertaríamos as mãos graças à internet quando ele voltou a compor, ao considerar encerrada sua temporada de publicitário, na qual havia encantado o Brasil (e eu junto) com um longo jingle de um Chevrolet.
Passamos a frequentar aos sábados, a musa Júlia sempre ao lado dele, as livrarias da vida - a Azteca, nas Perdizes, a Boa Vista, na Faria Lima, e, finalmente, a da Vila, na Vila Madalena. Encantava a roda formada pelo romancista Humberto Mariotti, por Aquiles Reis, do MPB4, e por seu ídolo, o poeta Mário Chamie, contando casos do tempo da luta armada, da qual participara e que lhe servira de definitiva vacina contra quaisquer tentações totalitárias e estatizantes.
De volta à música pela internet, fazendo sucesso na literatura como autor de uma trilogia de romances sobre a construção do templo de Jerusalém, o Zé da Roda, como eu o chamava na livraria (sendo por ele chamado de Zé da Neuma), se havia tornado um inimigo figadal do financiamento público de obras de arte, por achar, com razão, que esta é a pior forma que os autoritários encontraram para abastardar a cultura.
Cultor da canção, como autor ou exegeta, pregava aos quatro cantos que esta sua forma capsular de expressão estética tinha mais valor que livros, quadros, concertos, filmes e peças teatrais, exatamente por ser completa em sua forma sintética de comunicação.
Solidário por vocação, Zé compôs sozinho e em parcerias e também cantou em bandos na condição de adolescente permanente: Joelho de Porco, com o sócio Tico Perkins, e, desde sempre, o trio de rock rural Sá, Rodrix e Guarabyra, cuja temporada de shows só foi interrompida pela visita da Indesejável das Gentes em seu refúgio no Sumaré, onde foi golpeado por um enfarte fulminante, ao lado de Júlia, como passou todos os dias dos últimos anos de sua vida.
O amigo generoso e atento continuará nos provocando e incentivando onde for que nos encontrarmos. O artista talentoso e gregário deixou sementes de canto na filha mais velha, Marya, e na caçula, Bárbara.
Mas ele sempre fará falta, ao encerrar, desta forma trágica, um ano de perdas, que decepou de minha vida as companhias de Toinho Alves (do Quinteto Violado), Walter Santos, J. B. Lemos, Tereza Sousa e Walter Silva Picapau.
Ao lado deles, na certa, ele agora tem um encontro marcado com um rebanho de carneiros solenes pastando nos jardins do céu.

José Nêumanne Pinto
(atendendo a um pedido de Julia Rodrix)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Zé Rodrix - Velório

VELÓRIO
O Velório será na Rua São Joaquim, 138
Liberdade - ao lado do metrô S.Joaquim
à partir das 17:00hs
Palácio da Glespi - Loja Maçônica
******************
Para quem está longe, envie pensamentos de luz ao Mestre. Faça com que ele receba boas vibrações emanadas por todos que aqui foram seus fãs, amigos, companheiros de estrada!
As boas energias serão recebidas também por sua família!
Sua esposa, filhos e netas agradecem.

Até a próxima, Mestre

Do Tamanho da Paz!




O Mestre Zé Rodrix mereceria uma despedida mais completa, mas a dor é muito grande. Grande demais até para selecionar as fotos que aqui apareceriam.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

NASCE UM NOVO SOM (Revista O Cruzeiro 1972)

Essa matéria foi originalmente publicada na Revista O Cruzeiro, um tradicional magazine semanal ( numa época Pré Caras, onde o conteúdo era importante!) .Garimpada pelo Sérgio de Carvalho, músico, pesquisador, cineasta e agitador cultural, nos foi "presenteada" justamente no dia em que celebrávamos seu aniversário, na primeira semana de maio.







SÁ, RODRIX & GUARABYRA
Nasce um Novo Som
Revista O Cruzeiro
03 de maio de 1972
Texto de Afrânio Brasil Soares e Fotos de Fernando Seixas




A reunião de três respeitáveis nomes da geração atual num trio – Sá, Rodrix & Guarabyra – está revolucionando nossa música e já se fala no advento de nova etapa, a do Rock Rural. Seu primeiro disco Passado, Presente, Futuro vem sendo amplamente divulgado e já se ensaia nas paradas de sucesso. O trio nasceu da necessidade que eles tinham de dar o tratamento que queriam às suas músicas, fugindo à comercialização fácil. Com o êxito alcançado, provaram que qualidade também vende!

Luiz Carlos Sá, José Rodrix e Gutemberg Guarabyra vinham, vez por outra, acontecendo na música. Ora nos Festivais, como no caso de Guarabyra com a vitória de Margarida, e de Rodrix, com Uma Casa no Campo, ora na regularidade com que tinham suas composições gravadas por cantores consagrados, como Nara, criando canções de Sá – seus nomes eram sempre lembrados em cada safra do ano.
Mas nenhuma explosão ou estouro, com a exceção de Guarabyra, ao vencer o Festival de 67, ocorrera. Em novembro do ano passado, um papo trivial entre os velhos amigos foi o responsável pelo acontecimento do momento – a reunião dos três compositores e cantores num trio.
A idéia era muito antiga, mas nunca vingou. Ela germinou desde os tempos do Gripo Manifesto que se reunia num boteco do Leme, do qual os três faziam parte. Profissionalizando-se, cada um seguiu o seu próprio destino e encaminhava suas músicas pelas vias normais, levando-as aos cantores que por elas se interessavam. Muitas vezes, reunidos, comentavam o tratamento que davam às suas canções, nem sempre do seu agrado. Até que chegou o dia do papo decisivo, na casa do Sá. Foi o ponto de partida para a gravação do LP Presente, Passado, Futuro, que está “estraçalhando” na praça e sendo amplamente divulgado em todos os meios de comunicação.

Sinceridade: a Chave de Tudo
Segundo os artistas, a reunião deles num trio era uma fatalidade. Nos longos e velhos papos, seus gostos se encontravam em todas as discussões e comentários. De posse dos instrumentos, enquanto faziam pesquisas, havia como que uma mágica assimilação do gosto do outro no que concerne à harmonia e em certas ocasiões ocorriam improvisações magníficas. O convívio trabalhava suas vocações afins e eles sentiam que se completavam. Todos já tinham algum nome e eram respeitados entre os da nova geração. Não era necessário criar um título para o conjunto: seriam eles mesmos - Sá, Rodrix & Guarabyra.

A partir do nome do trio usaram de sinceridade em tudo. Nada de artifícios. Fazer e interpretar uma música que venha dos seus sentimentos, esmerar-se na qualidade e ser mais próximos deles mesmos constituiu o resumo de seus mandamentos, ainda que com isso prejudicassem a comercialização.
- “Não visamos ganhar dinheiro, mas fazer o que gostamos “(Guarabyra)
-“ A verdade porém, é que nosso público musical evoluiu muito nos últimos tempos e a aceitação de Passado, Presente, Futuro é a prova inconteste disso “( Sá).
-“Quando o disco saiu vários cantores meus amigos me perguntaram por que não lhes ofereci determinada música. Ofereci-a, sim, você é que não descobriu beleza nela e nem ao menos se lembra – é o comentário de Rodrix ao se referir à canção Hoje Ainda è Dia de Rock, uma das componentes do LP.

O Já Famoso Rock Rural

A Expressão Rock Rural popularizou-se rápido, é como vem sendo cognominada a música criada pelos três, onde a mesclagem do tratamento harmônico com a participação de instrumentos vários fez surgir algo de singular na evolução da nossa música. As letras são simples,mas não simplórias e a singeleza das imagens procede da pureza dos sentimentos dos artistas, todos vivamente impregnados do amor à terra e à natureza. Ligada a esse amor existe a experiência musical para burilar e purificar o som, enriquecido pelos recursos da nova técnica.

-“Não temos nenhum preconceito contra o que há de velho ou novo. Nosso compromisso é com a música. Não desprezamos a melodia, como damos enorme valor à harmonia e ao ritmo. Utilizamos a grande orquestra, quando o número exige, como podemos nos limitar a um só violão, se for ocaso. A liberdade de criação é muito importante para o nosso trabalho” (Rodrix)

Não há regularidade na interpretação das 11 canções do LP. Muito ao contrário, a característica é a diversificação do tratamento das músicas, onde os artistas se alternam nos instrumentos e na sua posição de canto. Aliás, está especificado ligeiramente na contracapa do disco. Tudo isso prova a identificação entre eles o que resultou num magnífico trabalho.
VALEU A PENA

Sá, Rodrix & Guarabyra ao se reunirem em trio, já não são apensa Sá, Rodrix e Guarabyra isoladamente. Se na unidade, já eram respeitados, conjuminados formam uma força na área em que transitam. O primeiro resultado aí está: o disco sendo vendido a rodo em todas as principais praças do país e muitas de suas músicas, despercebidas pelos colegas anteriormente, são agora solicitadas para gravação.
Na crista da onda como se encontram, as solicitações já começam e suas aparições na TV já foram de imenso agrado. Nestes dias está sendo vendido um compacto do Trio que traz dois hinos evangélicos estilizado em ritmo popular, arranjo que fez grande sucesso quando lançado no programa Flávio Cavalcanti. Já cogitam um show em maio.
Sem dúvida aguardam o conseqüente sucesso financeiro, embora o dinheiro não seja o essencial para eles, como declararam. A importância do dinheiro que virá está diretamente ligada ao investimento que fizeram para lançar-se no trabalho do LP, pois abandonaram todos os outros compromissos profissionais durante 3 meses e para subsistirem tiveram ate que vender seus automóveis.
Mas valeu a pena o sacrifício. Presente, Passado e Futuro, além de seu excelente tratamento e sua esmerada qualidade, ainda terá o valor de relíquia para os colecionadores de amanhã: foi o primeiro disco do famoso conjunto SÁ,RODRIX & GUARABYRA.


segunda-feira, 18 de maio de 2009

Palestra/Show de Zé Rodrix - Boxset da Trilogia



Uma Show-lestra de Zé Rodrix marcou o lançamento do boxset com a Trilogia do Templo na Livraria Argumento naquela quarta feira, dia 7 de maio.
A "show-lestra" é uma mescla de palestra e show, onde Zé Rodrix fala um pouco sobre sua vida privada, profissional ( como músico, publicitário, ator, diretor e escritor) e sobre a maçonaria, tema sobre o qual discorre a Trilogia. É muito leve e divertida, pois é pontuada por canções que marcaram sua vida, desde Ponteio ( com o Momento4) , até Jesus Numa Moto (SR&G), passando por seus clássicos ( Soy latino, p.ex) e temas mais recentes.
Amigos MMusgueiros

Audiência...


...reunida e compenetrada

Uma quarta de sol, céu azul e limpo marcou o dia, e à noite rumamos, direto de Vargem Grande para o Leblon! Lá encontramos com Zé Rodrix e outros amigos da lista de discussão M-Música. Seus ex colegas de Colégio de Aplicação também estavam lá. Irmãos da Maçonaria, curiosos , passantes interessados em conhecer um pouco mais sobre Zé Rodrix, completavam a platéia.



Zé Rodrix e Ricardo Villas

Zé Rodrix segura o CD e o DVD recém lançados de Villas, gravado em janeiro de 2008.

O Momento4 (Ricardo Villas, Maurício Maestro, David Tygel e Zé Rodrix) foi reunido especialmente para a gravação do DVD, recriando um momento mágico com Ponteio, a canção defendida por Edu Lobo, Marília Medalha e o Momento4 no Festival da Canção de 1967.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Shows no Rio de Janeiro (CCBB - Projeto Rock Rural)



1° show

“Vocês não enjoam nunca?” Um segundo para pensar em não responder que éramos insaciáveis...Preferi responder um prosaico não! Cada show é único, como são únicos seus participantes. Pois cada show é composto não só por seus músicos, atores, técnicos, como por sua audiência, parte fundamental, sem a qual nada existiria. Cada público reage de diferentes formas. E isso faz parte da diversão: adivinhar quais canções irão tocar a sensibilidade dessa ou daquela platéia!



Assim foi com a platéia carioca no último show do CCBB: no primeiro show, aquela preguiça matutina ( se bem que eram 12:30 min), o silêncio de quem ainda não descontraiu das primeiras horas de trabalho. O show transcorreu bem, muito melhor quando dialogaram com a platéia, e ainda mais quente à partir daí.
Já o show da tarde prometia: após perderem-se no Centro da Cidade atrás do restaurante favorito, um curto período de descanso e mais entrevistas ( rádio e TV ), já estavam mais aquecidos para o segundo tempo de jogo! Começou realmente aquecido: até o último segundo ainda havia pessoas buscando ingressos!
Mais tarde Sá perguntaria qual show havia sido o melhor: sem dúvidas o segundo! Tecnicamente falando...em espontaneidade ganhara o primeiro tempo, com improvisos impagáveis do Sá e algumas tiradas clássicas do Zé! O balanço final é que o Rio precisa receber mais Sá, Rodrix & Guarabyra, juntos, solo ou em dupla !


O sucesso do Projeto Rock Rural foi tanto que Marinéa, da Produtora Brasil Festeiro prometeu que o Projeto viajará assim que for possível! Por enquanto, só São Paulo receberá os shows!