quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A canção, o idioma e o disco novo do Tavito.


"… Tudo aquilo que o malandro pronuncia com voz macia é brasileiro, já passou de português …"
Tantas décadas depois de Noel ter escrito esses versos, não me parece exagero afirmar que o verdadeiro idioma do povo brasileiro agora é a canção popular, porque já passou de brasileiro.Falamos canção. Nos estádios, nos aniversários, nos bancos lá de trás do ônibus, nos programas de calouros, nos karaokes. Falamos canção quando lembramos do primeiro beijo, da primeira festa, do primeiro amor. É canção que nos vem à mente quando pensamos em explicar o que sentimos, o que queremos, o que sonhamos. Se o caso é protestar, canção. Se é hora de carnaval, canção. Uma conquista ? Um drink ? Uma saudade ? Canção, canção, canção.


E como uma coisa leva à outra, fazemos canções umas melhores que as outras. Somos bons em canção, talvez os melhores. Sambas, bossas, xotes, frevos. E tome baião e chamamé e moda de viola e marchinha de carnaval. Samba-canção ? Temos. Boleros ? Fazemos. Rocks ? Reinventamos ! Tropicalizamos a canção do mundo todo e não é à toa que ditamos moda. Falamos canção, somos mestres nisso. E olha que falar canção não se aprende no colégio …Arrisco dizer que sempre fomos bons em canção, desde sempre. São tantos os gênios que ajudaram a construir a canção brasileira que é difícil saber quem é quem nesse panteão. Mas parece ter havido um momento, um momento mágico, em que todas as vertentes se encontraram e puderam conviver, diversas gerações compartilharam seus auges criativos e dessa simultaneidade a canção brasileira saiu ainda tão mais forte e mais madura que de lá pra cá ninguém fala canção melhor que nós.

Nesse tal momento mágico, um tempo entre o finalzinho dos anos 50 e os últimos suspiros dos anos 70, uma linhagem especial encontrou espaço e clima propícios para suas criações e inovações. Uma estirpe de cancionistas raros, tanto pelo talento quanto pela ousadia, que não só produziram canções de beleza ímpar mas que também cruzaram as fronteiras da tradição e fabricaram novos futuros e horizontes, como se fossem deuses.Desta linhagem, alguns já se foram e muitos foram se tornando bissextos, esparsos, ausentes mesmo. Os motivos são vários e não vêm ao caso. A consequência, porém, é importante e de se lamentar. A falta que eles fizeram, e ainda fazem, deixou um vazio imenso em que nós, que falamos canção, aprendemos que a canção às vezes também pode se calar.Mas eis que trago uma boa nova. Vem aí um novo disco de um desses raros cancionistas, vem aí o disco novo do Tavito. Tavito é um daqueles alquimistas que de misturas improváveis extrai ouro puro. Uma canção dos Beatles na lembrança, uma ou duas toadas correndo nas veias e pronto: lá vem uma Casa no Campo. É assim que fazem os mestres, eles criam. É assim que Tavito faz.O disco novo está lindo. Um Tavito clássico e ao mesmo tempo renovado em novos parceiros, arranjos bonitos e canções daquelas que nós gostamos de falar. A canção brasileira agradece a retomada de Tavito. E nós agradecemos também, porque Tavito é um daqueles poucos artistas que nos entende e nos traduz em notas e versos. Sim, Tavito é que nem a gente, ele também fala canção.
(Alexandre Lemos )


1969,O Beijo do Tempo




TUDO é:
(clique em cima das canções para assistir aos filmes)


1.1969, O Beijo do Tempo - ( Tavito - Gilvandro Filho)
02 - O Dia em Que Nasceu o Nosso Amor - ( Tavito - Luiz Carlos Sá)
03 - Embora- ( Tavito - Alexandre Lemos)
04 - Uma Banda em Sampa - ( Tavito - Rocknaldo)
05 - O Primeiro Sinal - ( Tavito - Ney Azambuja)
06 - Gostosa - ( Tavito)
07 - Tudo - ( Tavito- Alexandre Lemos)
08 - Aquele Beijo - (Tavito - Ney Azambuja)
09 - A Grande Sorte - ( Tavito - Luiz Carlos Sá)
10 - Um Certo Filme (Rock da Mamãe) - (Tavito - Rocknaldo)
11 - As Meninas - (Tavito - Helder Braga)
12 - Hoje Ainda é Dia de Rock - (Zé Rodrix)
13 - Minas de Encanto - ( Tavito)
14 - Rua Ramalhete (Reloaded) - (Tavito - Ney Azambuja)


Lançamento dia 15 de Dezembro!!



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