domingo, 2 de março de 2008

Som Imaginário


Som Imaginário, Tavito à frente.

Banda de rock progressivo formada no início dos anos de 1970 no Rio de Janeiro por músicos mineiros, cariocas e até pernambucanos ( como Naná Vasconcellos numa formação posterior).
A Odeon deu toda a liberdade criativa - e seria um prejuízo se não fizesse isso. Cada instrumento ia para um lado, mostrando as habilidades de cada um dos músicos, num resultado harmônico totalmente vanguardista. E os integrantes… eram daquele jeito: cabeludos, doidões, hippies, pregavam a paz e o amor livre, acreditavam em um mundo melhor.

Tavito e Zé Rodrix relembram a época:
No começo da década de 70, moravam juntos, em uma espécie de comunidade com o guitarrista Marco Antônio Araújo. O trio constituía a “Família Matadouro”, devido à enorme quantidade de mocinhas arrebatadas por eles. Funcionavam como um relógio: os músicos dormiam das 6h às 10h da manhã, iam à praia, em Copacabana; voltavam da praia, normalmente com uma garota, e dormiam até as 18h. Acordavam, tomavam banho e iam para os shows, e depois seguiam para o Sachinhas, de onde só saíam às 6h da manhã. Em casa, só andavam nus. Para ter algum controle, penduravam avisos como “nesta cama é proibido trepar”. Às vezes, doidões, passavam o dia todo desenhando. E sempre esqueciam de pagar a conta de luz. Um dia, tomaram um ácido e a luz foi cortada; acenderam um lampião e ficou a família toda viajando ao som de The Band. Em outra ocasião, foram fazer turnê em BH por uma semana. Na volta, quando eles chegaram no hall do apartamento, deram de cara com uma desagradável surpresa. “Quando a gente olha, tinha vermes saindo pela porta. Uma trilha que ia até a geladeira. Tinha acabado a luz e na geladeira apodreceu bife, carne”, lembra Zé Rodrix.


Zé Rodrix no curta Nova Estrela, de José Adler

Em 1970, gravou seu primeiro disco, "Som Imaginário", destacando-se canções como "Feira moderna" (Beto Guedes e Fernando Brant) e "Hey man" (Zé Rodrix e Tavito).Ainda nesse ano, participou da gravação do disco "Milton", de Milton Nascimento.
No letreiro do teatro o nome do show era "Milton Nascimento, ah, e o Som Imaginário". O show estreou no Teatro Opinião (RJ), seguindo para o Teatro da Praia (RJ). Nessa ocasião, Laudir de Oliveira desligou-se do conjunto, sendo substituído na percussão por Naná Vasconcelos. O espetáculo seguiu para a Boate Sucata (RJ), com a participação de Frederiko na guitarra solo, e depois para o Teatro Gazeta (SP), sem a participação de Naná.
Robertinho Silva e Gal Costa


(foto acervo Robertinho Silva)

Em 1971 o conjunto lançou o LP "Som Imaginário", que incluiu "Ascenso" (Frederiko e Fernando Brant), "Cenouras" (Frederiko), "Nova estrela" (Wagner Tiso) entre outras pérolas. Ainda em 1971, acompanhou Gal Costa em show realizado pela cantora no Teatro Opinião (RJ), tendo novamente Naná Vasconcelos na percussão. Participou, ainda neste ano, do filme "Nova estrela". Ainda nesse ano Zé Rodrix se desligaria do grupo. Elis Regina gravaria no mesmo ano “Casa no campo” imortal composição do Zé e Tavito.


O Som Imaginário chegou a tocar na Globo, no programa Som Livre Exportação e acompanhou Gal Costa, que já era diva. E, no underground, viveram o desbunde carioca em sua melhor forma - conviveram com outras bandas vanguardistas da época, como o Módulo 1000, e tocaram no Festival de Guarapari, o famigerado Woodstock brasileiro.



Som Imaginário no Programa Som Livre Exportação
(Zé à esquerda e Tavito à direita)

Em 1973, gravou o LP "Matança do porco", que pra muitos é o álbum mais progressivo do grupo, contendo canções de Wagner Tiso como, "Armina" e a faixa-título, escrita originalmente para o filme "Os deuses e os mortos", de Ruy Guerra, que concorreu ao Festival de Berlim dois anos antes. Também em 1973, participou do LP "Milagre dos peixes", com Milton Nascimento, apresentado, no ano seguinte, em espetáculo gravado ao vivo e lançado em disco.

Pelo grupo passaram alguns gênios da música nacional, Wagner Tiso nos teclados; Luís Alves no baixo; Robertinho Silva na bateria; Tavito no violão; Frederyko (Fredera) na guitarra; Zé Rodrix nos teclados, voz e flauta; Laudir de Oliveira na percussão; Naná Vasconcelos na percussão; Nivaldo Ornelas no saxofone; Toninho Horta na guitarra; Noveli no baixo; Paulo Braga na bateria.

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Entrevista do Zé e do Tavito dada ao blog psicodeliabrasileira.wordpress.com





Para ouvir Hey Man! ( Zé Rodrix/Tavito) c/ o Som Imaginário

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