terça-feira, 29 de abril de 2008

O Melhor Show da Virada Cultural !!!

"COM VOCÊS: LUIZ CARLOS SÁ, JOSÉ RODRIGUES E GUTTEMBERG GUARABYRA!"
( Locutor da Virada Cultural apresentando o show do Teatro Municipal)

Início do Show - "todo esse tempo andei sonhandoe nao sabia bem porque"



Esse é o comentário que se ouviu ontem, na maioria de pessoas que pouco conheciam SR&G e/ou especialistas ( críticos musicais, candidatos à críticos, jornalistas da área, etc). O show teve garra, recriou o mesmo clima do disco de 1972/73, foi lindo...Zeppelim que nunca havia sido tocado em público antes ficou PERFEITO ( incluindo a Geladêrrrrraaa...que a maioria nem deve ter entendido...rs)!!! A coda Cigarro de Palha fechou em grande estilo, dava vontade de pegar a mão do amigo ao lado e balançar ao ritmo da canção.



Feliz!


Dancinha do Sá!


Final do Show - Apoteose no Municipal!


Filme de Monika Mendonça






Mais fotos em :

http://www.flickr.com/photos/tremdedoido/sets/72157604795058192/

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Entrevista do Zé Rodrix para o Vagalume

Novíssima entrevista do Zé Rodrix para o jornalista musical Leandro Saueia, realizada em março, em Santos, onde o Zé apresentava seu show "As CANÇÕES":


O nome de Zé Rodrix pode não significar muito para os mais jovens. Afinal há mais de vinte e cinco anos ele não lança um disco solo. Mas basta falar de algumas de suas músicas que a memória provavelmente será ativada.

Zé Rodrix

Rodrix apareceu para o grande público em 1967 ao acompanhar ao lado do Momento Qu4tro Edu lobo e Maria Medalha em Ponteio no Festival da Record (“quem me dera agora eu tivesse uma viola pra cantar”). Mas foi nos anos 70 que ele deixou sua marca mais forte na nossa música. Foram anos de muita produtividade que incluíram o grupo Som imaginário, os fundamentais Sá, Rodrix e Guarabyra, verdadeiros criadores do country/folk rock legitimamente brasileiro (ou melhor dizendo, do rock rural) e uma carreira solo não menos brilhante que teve de tudo um pouco: baladas confessionais ao piano, rock jazzificado, pop, e música latina. São dele canções como Casa no Campo (em parceria com Tavito, imortalizada por Elis Regina), Mestre Jonas ou Soy latino Americano.Nos anos 80 e 90 sentindo o clima pesando ele abandonou a carreira e passou a se dedicar somente á publicidade. Responsável por alguns jingles de enorme sucesso (campanhas para Marisa, Chevrolet, Extra ou Fininvest comprovam). Em 2001 Zé aceitou um convite para se reunir com os antigos companheiros Sá e Guarabira no terceiro Rock in Rio e desde então não se separaram mais. Se sentindo novamente confiante, Rodrix agora resolveu reativar sua carreira solo e o fez em grande estilo, armando um show em que se apresenta ao lado de uma big band e toca músicas desses mais de 40 anos de carreira. Foi no dia da estréia do show (que vai virar cd e dvd) que falamos com ele.

Entrevista

Você está comemorando 40 anos de carreira. Com a gravação de um e cd e dvd ao vivo. Queríamos saber mais desse projeto.

Eu já tinha há muito tempo um sonho de fazer um show assim, com uma big band. Um amigo, o (compositor santista) Sonekka, me colocou em contato com o pessoal do Sesc de Santos que curtiu a idéia.Para esse show eu fiz um levantamento do meu repertório velho, novo e semi-novo e vi que essas canções contam não só a minha história como também me dão a oportunidade de dizer o que eu penso sobre várias coisas.

Nesses anos em que ficou "parado" nem show você fez?

Não. Quer dizer, a gente fazia umas brincadeiras com o Joelho de Porco, mas pra mim aquilo não dava pra considerar trabalho. (Rodrix se juntou ao grupo paulistano em meados dos anos 80). Esse tempo todo eu fiquei trabalhando na publicidade, o que para mim era ótimo.

Como anda o Sá, Rodrix e Guarabyra?

A gente continua na estrada e estamos preparando um novo cd de inéditas pra sair em agosto.
Vamos tentar passar a limpo os seus mais de 40 anos de carreira.

Para começar fale sobre o seu primeiro grupo o Momento Quatro.

Nós éramos um sexteto que cantava muita música folk americana e brasileira. Depois começamos a compor e queríamos mostrar as nossas músicas. A gente cantava mais para mostrar as canções para quem se interessasse em gravá-las. Um dia o Aloysio Oliveira (do selo Elenco), nos ouviu e disse que deveríamos começar a trabalhar cantando. Em 1967 a gente acompanhou o Edu Lobo e a Maria Medalha em Ponteio no Festival da Record, e a música foi vencedora. Por conta disso a gente trabalhou bastante depois. Gravamos alguns compactos, participamos do disco de muita gente e fizemos uma temporada de shows com a Nara Leão. No final de 68 o Ricardo Sá disse que precisaria parar porque iria cair na clandestinidade (ele acabou exilado em Paris trocado pelo embaixador norte-americano seqüestrado).

Nos anos 60 havia uma patrulha musical muito grande com uma briga enorme entre os "nacionalistas" e os "alienados". Como você via esse embate na época?

Eu sempre fui um cara extremamente pessoal e sempre acreditei que a arte é superior a qualquer coisa. Não é possível fazer arte se você estiver preso a ideologias, partidos políticos, igrejas, propostas estéticas ou qualquer outra coisa. O disco do Momento Quatro já é um álbum muito estranho. Porque apesar dele pedir a benção para aquela MPB com a qual a gente trabalhava, ele tinha coisas muito diferentes. O pessoal estranhou, porque achavam que nós éramos parte daquela “tradição”.

Quando o Momento acabou você já foi pro Som Imaginário ou fez algo antes?

Eu fui ser hippie no Rio Grande do Sul com um pessoal muito legal que tinha conhecido na Record. Formamos o grupo GRAU ou Grupo Revolucionário de Arte Livre, como a gente era besta (risos). Nós fizemos também um grupo de rock maravilhoso chamado “Primeira Manifestação da Peste” que não deixou registros.

Como era o som de vocês?

Era um som meio psicodélico de vanguarda.

Logo depois você montou o Som Imaginário. Como você chegou no Wagner Tiso e os outros caras?

Eu voltei pro Rio de Janeiro e conheci o Tavito que já estava definitivamente lá. Na praia nós conhecemos um outro amigo e fomos morar na casa dele. Esse amigo disse que estava preparando um show para o Milton Nascimento. Ele nos juntou ao trio que tocava com o Milton (Wagner Tiso, Luis Alvez e Robertinho Silva). Por último veio o Laudir de Oliveira, que tinha voltado dos Estados Unidos e montamos esse sexteto. A gente estreou na sexta-feira da Paixão de 1970 no show “Milton Nascimento ah, e o Som imaginário”. Logo depois o Laudir voltou pros EUA pra tocar com o Chicago, o Naná Vasconcellos também não ficou muito e finalmente chamamos o (guitarrista) Fredera. Foi quando viramos uma banda mais roqueira.

Algo que chama a atenção no Som Imaginário é que o progressivo sempre foi meio carrancudo e vocês eram bem-humorados.

Sim, sempre. Mas nós tínhamos um lado sério também. Eu acho que a gente era mais psicodélico que progressivo. No disco que gravamos com o Milton tem aquela música “Pai Grande”, que é toda construída em cima de ruídos e barulhos. Essa ousadia foi muito boa, porque como lá tinha gente com todo tipo de pensamento em relação à música, a mistura que saía dali era muito legal.

Você voltou a trabalhar com o Tavito agora. Existe a vontade de retomar algo desse tempo?

Zé Rodrix

Sim, em 2009 nós vamos fazer um projeto chamado Um Som Imaginário, onde a gente pretende recuperar o sabor e o jeito de compor que a gente tinha nos anos 70.

Mais ou menos nessa época é que você compôs Casa no Campo com ele. Como rolou a gravação da Elis?

Eu coloquei a música no Festival de Juíz de Fora, ela ganhou e um dos prêmios era o direito de defender a música no Festival internacional da Canção daquele ano. No sábado a tarde quando eu acabei o ensaio, ela me segurou pelo braço e disse que iria gravar aquela música. Ela gravou também outra minha chamada “Olhos Abertos”. O engraçado é que sempre que a gente se encontrava ela dizia: “Põ, manda umas fitas pra mim”, e eu não ia atrás dela de vergonha. Eu deveria ter ido.

Para você qual é o maior legado do Sá, Rodrix e Guarabyra

De uma certa forma nós abrimos uma porta muito interessante. O rock brasileiro já estava mais liberado naquela época, mas era aquela coisa de “a gente pode usar rock 'n' roll, mas é um rock mpb viu gente, não é Jovem Guarda”. E a gente pegou essa música urbana e misturamos com coisas que na época eram consideradas lixo, como o baião ou a música do nordeste. Muito por conta do manifesto CPC da UNE que dizia que tanto a arte burguesa quanto a popular eram alienadas. Quando a gente misturou isso, o que foram chamar de “rock rural”, abrimos portas para muitos que vieram depois como o “Pessoal do Ceará” (Belchior, Ednardo, Fagner...).
Seu terceiro disco solo Soy Latino Americano é o seu maior sucesso. Fale dele um pouco
Eu estava há dois anos sem gravar. Nesse tempo eu fui ser diretor musical e ator do Rock Horror Show. Aí a gravadora falou que estava na hora de lançar um disco novamente. O Soy Latino foi feito intencionalmente para mostrar como é que se faz um disco falando o que se quer falar de forma que ele possa ser consumido popularmente.

Da onde veio a influência latina e caribenha?

Zé Rodrix

Eu tinha muita paixão por mambo, rumba e toda aquela mística rítmica de Cuba. Era um gosto antigo vindo desde a minha infância, na época em que a música cubana era da maior importância no Brasil. Então eu resolvi experimentar essa linguagem. No Soy Latino Americano um pouco e depois de forma mais bem realizada no Quando Será, meu disco de 1977, que pra mim é o meu melhor disco.

Nos anos 80 e 90 você compôs mais para teatro e tirando os dois discos com o Joelho de Porco pouca coisa foi lançada. Esse sumiço foi espontâneo ou foi forçado por uma situação de mercado?

Em 80 eu fui para RCA, onde fiz um compacto e um LP. Mas eu já estava muito desgastado com a minha carreira. Porque o mercado de música tinha se profissionalizado a um ponto onde começou a haver cada vez menos espaço para a criação e cada vez mais para as tais “fórmulas de sucesso”. Eu digo que a idéia de que um artista pra fazer sucesso tem que vender um milhão de cópias começa na essa época, de 76 pra cá, com a discoteca. Quando chegou em 80 essa idéia já tava bombando. Eu já estava desgastado com isso e com uma série de outras coisas. Até que em 19 de janeiro de 1982 a Elis morre. Nesse dia eu disse: “Parei, chega”.

Os seus discos vendiam bem?

Eles chegaram a vender muito bem. O Soy Latino Americano foi o primeiro disco brasileiro a derrubar o Roberto Carlos em dezembro por exemplo.

Quando você começou na publicidade?

Em 78 a gente montou a estrutura em São Paulo. Eu e o Tico Terpins. Em 82 eu disse que estava a disposição e que ia ficar direto lá. E fiquei até o ano 2000. Nesse tempo a única coisa que fizemos foram as “Joelhadas” (dois discos e alguns shows com o Joelho de Porco), mas tudo era chamariz pro nosso trabalho na publicidade.

E a sua relação com a internet? Como é?

Hoje em dia minha grande ferramenta de pesquisa é a internet, para tudo.

Inclusive para música?

Música eu busco quando preciso de alguma coisa em específico. Por exemplo, o bis desse show é uma composição minha com o Miguel Paiva chamada “O Rock do Planalto” da qual só existia uma gravação quase que caseira e eu não me lembrava direito como ela era. Eu perguntei se alguém tinha a música (na comunidade dedicada a ele no Orkut) e em minutos eu fui soterrado por várias versões dela...


Leandro Saueia: Vaga-lume - 24 de Abril 2008

Fotos e entrevista completa em:
http://vagalume.uol.com.br/especiais/entrevista-ze-rodrix.html

quinta-feira, 24 de abril de 2008

VIRADA CULTURAL!!!

Contando os minutos, na mais pura angústia, tudo prontinho (exceto as camisetas que D. Sabina ainda vai me entregar... ai,ai,ai), hotel reservado ( bem no meio da bagunça pra não perder 1 só segundinho!), roteiro preparado, hora a hora, calculando possíveis deslocamentos. Um carnaval fora de época! Com direito á longas caminhadas para chegar à algum lugar, rezando para estar tudo muito vazio e tranqüilo ( me deixem sonhar...)
O Guarabyra falou sobre metais e cordas, e aumentou minha crise: METAIS E CORDAS?????? Como gostaria que todos (ou)vissem Zepelim ao vivo, Crianças Perdidas como foi gravada.. Tantas vezes ouvi e repeti esse disco na vitrola que conheço cada arranhão dele, cada chiado, como se fizesse parte da música. Como será que a música entrará em mim, agora?

Lembrando que Sá, Rodrix & Guarabyra estarão no Teatro Municipal com PASSADO, PRESENTE, FUTURO , à meia noite. Entrada grátis: a fila é longa, mas o teatro tem 1.598 lugares, portanto, paciência!

Às 3 hrs. entra no palco do Teatro Municipal o SOM NOSSO DE CADA DIA recriando SNEGS.
Imperdível porquê única chance!!!



Ah...as camisetas ficaram prontas à tempo e lindas!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Praça São Lourenço - Tavito & Renato Teixeira


O clima bucólico dos quintais está mesmo na moda: revistas lotam as bancas com suas sugestões de ambientação para quintais, varandas, nichos, o espaço que vc tiver disponível tornar-se-á o quintal da sua alma. Por caminhos tortuosos descubro que empresários do ramo da gastronomia já descobriram o poder dos quintais e criaram a PRAÇA SÃO LOURENÇO: complexo gastronômico todo ambientado numa praça do interior, ou um enorme quintal indoor. Para seu lazer familiar aliando boa comida e boa bebida. Exatamente como costumávamos fazer nas casas antigamente: assegura-se assim um longo almoçarado!

Traduzindo esse clima de pracinha do interior e de quintal da avó, dois amigos criaram esse jingle lindíssimo que faz sua alma desejar estar numa rede no alpendre vendo as copas das árvores se balançarem. É esse o poder o jingle publicitário: despertar os desejos. Tavito e Renato Teixeira atingem esse objetivo:

quinta-feira, 17 de abril de 2008

sábado, 12 de abril de 2008

Luiz Carlos Sá e o Diamante Cor de Rosa

Se há alguém que sempre me surpreende é o Luiz Carlos Sá! Acho que por não conhecer muito sua carreira solo antes do trio, e/ou talvez por ele ser tão “mineiramente” discreto.
Hoje descubro que é dele a autoria das canções incidentais do filme Roberto Carlos e o Diamante Cor de Rosa ( aposto que você também não sabia!)! São somente 4 mas têm um peso danado no filme: O Gênio, Karatê, Ilha Rasa e Enganando Pierre.
Trilhas incidentais são de importância fundamental pois criam a ambientação para o desenvolvimento do filme, Wagner Tiso e Henry Mancini que o digam!
Reveja o filme para descobrir, você também, no último slide do letreiro, o nome de Luiz Carlos Sá.
Para saber mais sobre a trilha sonora do filme:

http://www.jovemguarda.com.br/artigos-diamante.php
E se algum colecionador tiver essas preciosidades em mp3, por favor, nos envie: ao Blog e ao Sá!
Seremos eternamente agradecidos!

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Ferida aberta na MPB

Show Lembranças do Futuro em Guaratinguetá - 2007



Ferida aberta na MPB
Hugo Sukman



Que Chico, Caetano, Vandré, Gil e a turma dos anos 60 foram símbolos na classe artística da luta contra a ditadura até as paredes do Dops sabiam. Mas que Gutemberg Guarabira — o cabeludo inventor do rock rural ao lado de Luiz Carlos Sá e Zé Rodrix — foi o secreto protagonista de uma das aventuras mais eletrizantes dessa luta, isso foi revelado pelo recém-lançado “A era dos festivais — Uma parábola”. O livro, do musicólogo Zuza Homem de Mello, revela que o compositor da doce “Margarida” — canção romântica inspirada em cantigas de roda, vencedora do Festival Internacional da Canção de 1967 — foi o idealizador do célebre movimento que, em 1971, quase detonou o festival ao promover a inscrição de canções-fantasmas de grandes compositores (Tom, Chico, Marcos Valle, Edu Lobo, Sérgio Ricardo e outros) que na hora agá retiraram sua participação e divulgaram manifesto contra a censura.
Pois tal aventura subversiva — reforçada por ele ocupar na época o cargo de diretor artístico do festival — não foi novidade na vida de Guarabira, filho de uma família de comunistas baianos.
— Desde criança estava acostumado a esconder gente no meu quarto — diz Guarabira ao GLOBO. — Cheguei a guardar armas da ALN (Aliança Libertadora Nacional, movimento liderado por Carlos Marighela) em meu apartamento em Copacabana.
Como simpatizante ativo do grupo, revela Guarabira, ele cumpria missões como trocar o dinheiro dos roubos a banco. E fazia isso no bar da moda de Ipanema na ocasião, o mítico Zepelin. Ele entrava no bar, distribuía obas e olás para freqüentadores assíduos como Jaguar e o pessoal do “Pasquim”, e dirigia-se ao caixa. Pegava o saco de dinheiro, em notas miúdas, e entregava. Recebia de volta a mesma quantia, só que em notas maiores.
— Uma vez, enquanto eu trocava dinheiro no Zepelin, a perícia examinava a agência do lado, de onde o dinheiro saíra pouco antes — diz.
Livrar-se do dinheiro miúdo dos assaltos (ou, como se dizia, expropriações) não era nada para esse freqüentador, ao lado de Paulinho da Viola e Sidney Miller, das rodas de samba do Teatro Jovem (também núcleo comunista), em Botafogo. A grande aventura foi quando ele juntou a vida clandestina de militante de esquerda com a civil, do homem ligado à música. Foi em 1971, auge da repressão política do governo Médici. Ele era diretor artístico do FIC e arquitetou e executou um bem-sucedido plano para burlar a censura e protestar contra a ditadura no pior momento dela.
— A censura estava cortando tudo e, o que era pior, a polícia passou a exigir da direção do festival a ficha completa, carteira de identidade registrada na Censura e todos os dados dos participantes previamente enviados para Brasília para averiguações. Além disso, as imagens do festival transmitidas pela televisão estavam sendo usadas como propaganda positiva da ditadura no exterior, uma falsa imagem de nós que éramos contra o regime — diz Guarabira, justificando sua idéia arriscada.
Ao lado de Chico Buarque, a quem ele procurara sigilosamente e que logo aderiu à conspiração mesmo em pleno ensaio do show “Construção”, no Canecão, Guarabira teve que levar vida dupla: de dia batendo ponto na sede do Festival, na TV Globo, e até em reuniões com a Censura e o Dops, que pressionavam o festival e a emissora sem parar, e à noite convencendo seus colegas, secretamente, a inscrever músicas falsas no Festival — Tom e Chico mandaram “uma canção meio sombria”, “Que horas são?”, que nunca existiu.
Antes de a Censura perceber, o manifesto foi publicado no jornal “Última hora” e chegou às agências estrangeiras. Virou caso internacional. A ditadura se desmoralizou onde não esperava.
Guarabira teve que enfrentar desconfianças mesmo entre os colegas. Alguns, como Torquato Neto e Ruy Guerra, consideravam-no um “vendido” ao sistema, pois não sabiam do jogo duplo.
— A experiência me preparou para agir quieto, até ouvir ofensas sem me incomodar.
Segundo ele, valeu a pena. Já que foi publicado o manifesto dos artistas contra a ditadura, disfarçado numa carta em que se retiravam do festival: “As razões são públicas e notórias: a exorbitância, a intransigência e a drasticidade do Serviço de Censura (...), afora exigências burocráticas inconcebíveis, tais como cadastramento e carteirinha dos participantes (...). Sem esquecer sempre a desqualificação dos que exercem uma função onde a sensibilidade e o respeito pela arte popular são prioritários”.



Guarabyra pelo cartunista LAN


Compositor dá sua versão da controvertida história 30 anos depois






A bem-sucedida conspiração urdida por Guarabira também deixou suas feridas. Que ainda estão abertas. Guarabira conseguiu fugir para Brasília num jatinho do Banco do Brasil (namorava a filha de um diretor do banco estatal!). Os compositores do manifesto foram todos convocados para depor, do habituado Chico Buarque a Marcos Valle, e até o insuspeito Tom Jobim.
O problema se deu com os compositores mais jovens que, liderados, segundo o livro, por Aldir Blanc e Gonzaguinha, e também orientados por Guarabira, apoiaram os colegas mais experientes. Ainda segundo o livro, o texto de desistência dessa segunda turma chegou a ser redigido, mas “um deles, integrante do MAU e concorrente, teria ficado com medo e telefonou para o festival denunciando que seu companheiro Gonzaguinha estava passando o abaixo-assinado. Aí os militares resolveram intimar os novatos a depor também.” Em outras palavras, um concorrente, membro do Movimento Artístico Universitário, teria delatado os companheiros.
Como os outros membros do MAU concorrentes (além de Aldir e Gonzaguinha, Paulo Emílio, Marcio Proença e Silvio da Silva Jr.) assinaram, sobra César Costa Filho, parceiro de Aldir na canção “Medo”.
Quase 32 anos depois, César aceitou dar ao GLOBO pela primeira vez sua versão da história. Compositor emergente na ocasião, participou com sucesso de festivais universitários, do programa “Som Livre Exportação” e, numa bela canção com Aldir, “Ela”, batizara disco de Elis Regina.
Depois do episódio, contudo, sua carreira foi interrompida. Hoje, declara-se vítima de uma conspiração dos próprios colegas, liderados por “um colega” que “queria que todas as portas se fechassem para mim”. César, que está praticamente afastado da vida artística, trabalhando como vice-presidente da sociedade arrecadadora de direitos autorais Addaf, diz que nunca soube de qualquer manifesto.
— Fiquei sabendo que todos os classificados teriam que portar um crachá, que seria obrigatório para apresentarem suas músicas quando subissem ao palco — diz César. — Em princípio estranhei a exigência. Em outros festivais, nunca pediram nada semelhante. Caso eu concordasse, teria que assinar um documento me comprometendo a usar o crachá. Naquele momento, jamais poderia imaginar que, ao assinar tal documento, estaria servindo aos propósitos daqueles vermes. Tudo que eu mais queria era cantar minha música e não via problema em usar um simples crachá. Imaginei que deveria ser alguma decisão dos organizadores para coibir a entrada de pessoas estranhas ao evento, mesmo porque o letrista da minha música poderia ter impedido que sua letra fosse divulgada, caso assim desejasse.
O letrista da música era Aldir Blanc, signatário do manifesto, não citado nominalmente pelo ex-parceiro, mas claramente “o colega” que, segundo ele, queria prejudicá-lo.
— A culpa do fracasso dele não é minha. Ele não pode dizer isso 30 anos depois — reage Aldir, que rompeu com César assim que soube, por Guarabira, que teria sido ele a delatar os compositores que assinaram o manifesto. — O Guarabira estava na sala e disse ter visto e ouvido César pegar o telefone e passar a história toda. Perdoar esse tipo de falha de caráter é impossível.
Guarabira prefere não falar em nomes, mas confirma que houve a denúncia.
César diz nunca ter dado o telefonema. Disse que, numa noite, dois homens que se identificaram como policiais federais o levaram para o Hotel Glória, sede do festival, onde ele foi submetido a um interrogatório. O chefe teria perguntado: “Por que você, membro de um movimento político-musical, não criou nenhum impedimento quanto ao uso do crachá?”. Resposta: “Estou neste festival para cantar minha música, isto é o que eu quero. Não é a exigência do uso de um crachá que vai me desmotivar. Minha música está acima disto”. Em seguida, o policial teria perguntado a César “por que alguns compositores pensam diferente” e ele retrucou que “não sabia o que ia pela cabeça de cada um”. No que o “chefe” retrucou: “Esperávamos que você pudesse colaborar conosco sobre este assunto. No entanto, creio que estamos errados.”
César diz que foi vítima do sucesso que estava fazendo com seus colegas de MAU, Gonzaguinha e Ivan Lins. O fato é que, desde então, ele gravou seis discos, compôs para Xuxa (o “Abecedário da Xuxa”), mas o sucesso artístico nunca mais aconteceu. Gonzaguinha e Ivan seguiram carreira normal.
*************
Esse blog agradece a colaboração de J., que nos enviou esse artigo!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

AsPirações de Tavito & Zé Rodrix, de volta!

Ninguém sabe, ninguém viu -
Mas estamos em Abril.
É um mês reflexivo,
Pensativo,
Cismarento,
Dos fatos do "até agora".
Bem sei, continuo vivo
E até meio sonolento,
Um tanto quanto por fora
Das mesmices dos jornais;
Nada há que me regale
Nessa Terra Papagalli.
Portanto, não espero mais:
Vou juntar-me a Manozé,
Ele, o Rodrix da lenda
Esquecer qualquer mazela
E montar a nossa tenda
Pra armar grande banzé
Juntando a canção mais bela
Ao humor mais verdadeiro
Pois que rir-se de si mesmo
É a saída do atoleiro.
As pirações vão voltar
No dia quinze de abril,
com força; glória suprema!
No palco iluminado
Da Casa de Shows "Ao Vivo",
No coração de Moema.
Garantimos diversão,
Liquidez no investimento:
Apenas quinze dinheiros
Asseguram seu sustento
De alegria e emoção
Por cinco dias inteiros...
Vou parando por aqui
Com estas rimas manés
Pra poupar todos vocês;
Podem sossegar o facho,
Mas nunca antes de ler
O "Flyer" aqui embaixo.
Beijos a todos (as) / Tav

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Rock do Planalto

O som ficou péssimo ( mea culpa!), mas vale pelo registro: Rock do Planalto ( A Grande Marcha), a música de 1981, que o Zé andou buscando entre seus amigos a fim de regravá-la nesse CD. Um rockabilly pra chutar as cadeiras da sala ( ou os ladrões do Planalto???).


ROCK DO PLANALTO ( Zé Rodrix)

Segura a minha mão
Apaga o seu farol
Não fique preocupada
Porque chova ou faça sol

Nós vamos pro Planalto
'Tá todo mundo indo pra lá
(E cada vez vem mais)
Cantando muito alto, que carnaval
Nós vamos pro Planalto, pro Planalto Central!

Eu vim do Amapá e você do Piauí
E não é por acaso que o nosso encontro é por aqui

Nós vamos pro Planalto
'Tá todo mundo indo pra lá
(E cada vez vem mais)
Cantando muito alto, que carnaval
Nós vamos pro Planalto, pro Planalto Central!

Não fique de bobeira
Que é pra não perder
A verdadeira festa de arromba
Ninguém está sabendo como começou,
Mas todo mundo sabe como vai ser bom!

Não é pra ver navio, nem disco voador
Não entre no desvio porque seja como for

Nós vamos todos pro Planalto
'Tá todo mundo indo pra lá
(E cada vez vem mais)
Cantando muito alto, que carnaval
Nós vamos pro Planalto, pro Planalto Central

Não vai ser a cheia do São Francisco
Que vai nos afogar, a gente chega lá
Mesmo se a Amazônia estiver toda ocupada,
A gente dá uma volta, dá um jeito de passar!
Por cima ou por baixo, por terra ou pelo ar,
De trem ou bicicleta, o negócio é chegar!

E a gente vai, a gente pode
E a gente pode ir até lá,
Vindo dos Pampas ou dos subúrbios
Do sul de Mato Grosso ou da Serra do Mar
Passando pela Zona da Mata ou pelo Ceará

(A gente sabe que um dia a gente vai)
Chegar lá...(5x)

A gente um dia vai chegar lá!

Mas eu lhe digo que
Não fique de bobeira
Que é pra não perder
A verdadeira festa de arromba
Ninguém está sabendo como começou,
Mas todo mundo sabe como vai ser bom!

Não é um linchamento, não é um festival
Talvez a gente chegue um pouco antes do Natal

Nós vamos todos pro Planalto
'Tá todo mundo indo pra lá
(E cada vez vem mais)
Cantando muito alto, que carnaval
Nós vamos pro Planalto, pro Planalto Central
Tá todo mundo indo pro Planalto Central!


quarta-feira, 2 de abril de 2008

VIRADA CULTURAL: 2 Shows Mega Imperdíveis!





Virada Cultural de São Paulo: 24 horas de música por TODA São Paulo!
Mas dois shows são particularmente importantes para esse blog.

A proposta de recriação de dois discos importantes para os anos 70:



Passado,Presente,Futuro com SR&G e SNEG do Som Nosso de Cada Dia, com Manito e Pedro Baldanza do Som Nosso original (atual baixista do trio e do Guarabyra, "fiel escudeiro" como cita o Guarabyra).

Os dois shows acontecerão à partir da meia noite , no Teatro Municipal de SP!!!

00 hrs - Sá, Rodrix & Guarabyra

3 hrs - Som Nosso de Cada Dia

terça-feira, 1 de abril de 2008

AS CANÇÕES - O Show!


É um one man show, definitivamente! A Jazz Band da Associação de Músicos de Santos revelou-se espetacular e capaz de absorver o espírito Rodrixiano nas performances: até o jingle do Supermercados EXTRA virou masterpiece!
Quem conhece bem o trabalho do Zé Rodrix pôde vê-lo nas mais diversas versões: compositor, publicitário, membro do Trio SR&G, o paizão, o performático do Joelho de Porco, o amigo, o mentor, a irreverência e o humor sarcástico ( sempre presentes aqui e ali na sua obra), "Blues Brother" Zé.
Quem não o conhecia, nos seus múltiplos talentos ( a maioria nem era nascida quando o trio começou a fazer sucesso), saiu encantado!
Duas canções antigas, do seu trabalho solo, foram incluídas; Casca de Caracol e É impossível Parar de Dançar! E Mestre Jonas ganhou uma levada jazzística ao final!
Duas coisas senti falta: de algo que representasse seu trabalho junto às crianças e um backing vocal que o auxilie am alguns momantos.
Um show que o Zé Rodrix merecia há muito tempo e que nós merecíamos também!
Deu vontade de levantar e sair dançando também!



Novos planos? Zé Rodrix sempre tem novos planos a curto e médio prazos, mas além do disco novo do Trio , que começa a ser gerado agora em abril, com produção do Tavito, a novidade é um programa de Tv na CULTURA sobre...CULINÁRIA! É, o mestre além de gourmand também é gourmet! E quem ganha com isso somos nós: um programa de culinária com humor e música!




Fotos:Maria Valéria Bethonico
Vídeo: Monika Mendonça